quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

CLARIFICAÇÃO EM POLITIQUÊS

O politiquês é um línguagem complicada em que muitas palavras conhecidas são utilizadas com significados outros. Tratar-se-á, provavelmente, de uma leitura enviesada do que Almada Negreiros dizia sobre a não necessidade de inventar palavras novas, mas de novas utilizações para as palavras já inventadas.
Vem esta introdução a propósito da "clarificação" verificada na turbulência vivida pelo PS. Ao que parece, Seguro continua inseguro, Costa continua a pensar disputar a liderança, continuará a contagem de espingardas entre os pesos pesados e entre os pesos mais leves que querem ser pesados, continuarão as conspirações e jogos de bastidores com profunda e calculista definição de cenários e estratégias mas, é isto que é interessante, a situação foi clarificada, bastante clarificada.
Como é evidente, tal processo de clarificação não é um exclusivo do PS. Atente-se nos exemplos de clarificação em volta da candidatura de Dr. Menezes à Câmara do Porto e na sua sucessão em Gaia ou na clarificação da posição do CDS-PP relativa aos apoios a candidaturas de autarcas que já cumpriram três mandatos. A posição está a ser clarificada, apoio a Fernando Seara em Lisboa e não apoio a Luís Filipe Menezes no Porto.
Os exemplos sobre processos de clarificação assim entendidos são mais do que muitos e creio que em politiquês, clarificação deverá ser interpretada como um tempo, normalmente curto, de interregno, em que os actores, todos os actores, se preparam para novos episódios da narrativa que vão cumprindo e que, obviamente, solicitarão novas clarificações.
Destes processos de clarificação, assim entendidos, vai resultando o desgaste e um empobrecimento da vida política e do envolvimento cívico de boa parte dos cidadãos que se vão cansando destes exercícios de clarificação que retiram transparência e seriedade ao nosso quotidiano político.

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