As redes de comunicação, de todas as naturezas, são
parte integrante do nosso quotidiano e desempenham um papel fundamental. No
entanto, o espaço e o suporte de muitas destas redes, vizinhança, social,
profissional tem vindo a ser ocupado, sinais dos tempos por suportes virtuais
que agilizam alargam essa comunicação.
O Público refere a rede Weduc, já em utilização
em Portugal há algum tempo, que procura criar uma rede de comunicação mais
eficaz e operacional entre os pais e a escola permitindo a troca de saberes e
informação em tempo real sobre muitíssimos aspectos da vida escolar dos miúdos
e ainda para além de outras funcionalidades, o contacto, em rede claro, com
outros pais.
Como muitas vezes aqui tenho afirmado qualquer
dispositivo ou suporte que incremente a qualidade e o nível de envolvimento e
participação dos pais na vida escolar dos filhos é, por princípio, positivo
pois essa é uma necessidade e dificuldade sentida por pais e professores.
No entanto, gostava de deixar umas notas sobre
estes dispositivos.
A relação dos pais com a escola e a sua
participação e envolvimento na vida escolar dos miúdos não se esgota na relação
presencial ou virtual com os professores ou outros elementos da escola. Do meu
ponto de vista, uma parte muito importante deste envolvimento passa pela
relação directa, sem mediação, com os miúdos.
Nesta perpectiva, importa estar atento a que alguns
pais, devido aos estilos de vida e a um tempo que sempre escasseia, possam,
mesmo que de forma menos consciente, sentir que estando em permanente e fácil contacto
com a escola, com os professores, pode ser "diminuído" o seu tempo o
tempo com os miúdos a propósito da vida escolar.
Os miúdos precisam de sentir que os pais se
interessam pelo seu "trabalho", pelo incidentes do dia-a-dia, pelas
suas brincadeiras, dificuldades, amigos sucessos, etc., enfim pelo seu mundo.
Acontece que este diálogo deve, tanto quanto possível e por vezes não é fácil,
ser presencial e regular, ou seja, os aspectos muito positivos que a rede Weduc
envolve não podem servir de suporte, paradoxal, a um maior afastamento dos pais
face aos miúdos porque "já sabem tudo" sobre a escola.
Poderão, de facto, saber bastante mais sobre a
escola mas poderão correr o risco de ir sabendo menos sobre os filhos. Os
miúdos mais do que alunos, continuam filhos.
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