De acordo com os técnicos que intervêm neste universo,
a saúde mental, é perceptível um abaixamento da presença das pessoas nas
consultas e no seu recurso à medicação que, apesar de não existirem dados objectivos,
parece preocupante e com consequências importantes no plano clínico e
terapêutico.
A questão da saúde mental é uma matéria complexa.
Em Portugal temos um dos mais elevados níveis de consumo de psicofármacos da
Europa e diferentes estudos sugerem que um em cada cinco portugueses pode ter
alguma forma de perturbação do foro da doença mental, sendo que a perturbação
da ansiedade parece ser a mais prevalente. Por outro lado, muitos especialistas
têm vindo a alertar para o acréscimo de casos de perturbação da saúde mental associados
a situações sociais graves em que muitas pessoas estão envolvidas no âmbito da
crise profunda que atravessamos, designadamente em casos de desemprego e insuficiência
de recursos que sustentem a vida e, mais importante, a dignidade. Aliás, temos
recorrentes notícias de suicídios de pessoas ligadas a sectores particularmente
afectados, como a restauração ou a construção civil, conforme o DN de hoje
refere.
Por outro lado, também de acordo com os
especialistas, a falta de meios e recursos transforma o Plano Nacional de Saúde
Mental num enunciado bem intencionado, mas inconsequente e desajustado às
necessidades.
A doença mental é algo que, obviamente, não
constitui, nunca constituiu, uma preocupação significativa em matéria de saúde
em Portugal.
Eu gostava de ser optimista e acreditar que esta
fundamental área dos cuidados de saúde fosse objecto de reflexão e protegida, mas
a experiência tem mostrado que a doença mental é, nas mais das vezes, um
parente pobre no universo das políticas de saúde.
A situação não é, pois, particularmente
animadora, quando a pobreza das pessoas aumenta e a pobreza dos meios e recursos
também aumenta, o quadro é ainda mais grave.
1 comentário:
Completamente pobre... diria mesmo mendiga.
Então nesta altura de crise, em que deveria ter mais capacidades de resposta ao sofrimento das pessoas.
Deixo um post que fiz a propósito: http://reflexoesdeumpsiquiatra.com/2013/06/13/crise-e-saude-mental/
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