Desde que entrou naquela escola,
nova para ele, o Rapaz pensou que ninguém poderia descobrir o seu segredo, como
tinha acontecido na outra escola.
Logo nos primeiros dias, começou
a mostrar aos novos colegas, quase todos um pouco mais novos porque ele já era
repetente, que não se poderiam meter muito com ele. A qualquer olhar ou palavra
reagia mal e procurava intimidar os colegas. Se fosse preciso, crescia para
eles e mesmo com um safanão a coisa ficava logo por ali.
Esta forma de agir parecia estar
a dar resultado, embora o Rapaz sempre sentisse algum receio que pudessem
descobrir o seu segredo e voltaria a ter a vida um inferno como se tinha
passado na outra escola donde, por causa
disso, foi obrigado a sair.
Quando ele se aproximava os
colegas olhavam com alguma reserva,
sempre receosos das reacções do Rapaz.
Nas aulas começou a perceber que
se fizesse uns disparates, os colegas se divertiam e ainda mais o admiravam.
O Rapaz foi-se tornando um rapaz
temido com quem os colegas não queriam grande proximidade e problemas.
Ele sentia-se, bem, achava, assim,
menos possibilidades haveria de descobrirem o seu segredo.
Nenhum deles sabia que o Rapaz
tinha um medo terrível de todos eles e que tinha sido muito maltratado na
escola onde tinha andado. Agora tinha conseguido construir uma máscara, um
personagem, forte, que metesse medo, para não deixar ninguém chegar ao seu
segredo, o medo, muito medo.
2 comentários:
guardar um segredo e, ao mesmo tempo, ter medo dele, exige alguma perícia... e muito sofrimento, infelizmente :/
Daí o sofrimento do Rapaz
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