segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

OS NEGÓCIOS DA FAMÍLIA, NOVO EPISÓDIO


É hoje divulgado mais um edificante episódio da despudorada promiscuidade entre os negócios, a classe política, os dinheiros públicos, o tráfico de influências  e o amiguismo, algumas das mais profundas características da partidocracia e dos aparelhismos que a sustentam.
Desta vez envolve Agostinho Branquinho, antigo deputado do PSD e actual secretário de Estado da Segurança Social,  detentor de uma empresa a que também Aguiar-Branco esteve ligado, à qual foi adjudicada, em termos mais do que duvidosos uma campanha de comunicação do Programa Foral gerido por Miguel Relvas. Verbas do mesmo Programa financiaram também, está um processo a decorrer, a famosa Tecnoforma, a que Passos Coelho também esteve ligado, que formava técnicos de aeronáutica em autarquias sem aeródromo. Curiosamente, o Primeiro-ministro, aparentemente sem se rir, mostrou-se hoje muito crítico do despesismo dos últimos 20 anos, pois realizaram-se “investimentos que custaram muito dinheiro e que não têm qualquer utilização”. Tudo vale a pena quando a "lata" não é pequena.
A roda livre de impunidade e incumprimento dos mais elementares princípios éticos quando não da lei, produziu nas últimas décadas uma verdadeira família de gente que, à sombra dos aparelhos partidários e através de percursos políticos, se movimentam num tráfego intenso entre entidades e empresas públicas e estruturas privadas, envolvendo-se frequentemente em negócios que insultam os cidadãos. Esta família alargada envolve gente de vários quadrantes sociais e políticos com uma característica comum, os negócios obscuros, e tem membros destacados como Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Duarte Lima, Isaltino Morais entre tantos outros com menos impacto mediático, mais discretos na função ou no comportamento.
Acontece ainda e isto tem efeitos devastadores, que muitos dos negócios que esta família vai realizando, envolvendo com frequência dinheiros públicos ou, caso da SLN/BPN, com consequências pesadíssimas para os contribuintes.
Entretanto, do outro lado desta família que se protege e apoia, temos quase três milhões de portugueses em situações de pobreza e exclusão, um milhão e meio de desempregados e a esmagadora maioria da população esmagada por políticas de austeridade que sacrificam a dignidade e ameaçam a sobrevivência. Certamente por coincidência, hoje também são revelados alguns dados de um estudo envolvendo diferentes países mostrando que, depois de pagas as despesas, 39% dos portugueses afirmam ficar sem dinheiro para o resto do mês, 38% refere “grande dificuldade” e 29% dos inquiridos dizem não ter dinheiro suficiente para uma vida que consideram digna.
Todos os membros da família, quando questionados sobre os seus negócios ou envolvimento em algo, afirmam, invariavelmente que tudo é feito tudo dentro da lei, nada de incorrecto e, portanto, estão sempre de consciência tranquila.
Também me lembro de após o conhecimento sobre vertiginosa licenciatura do “Dr.” Relvas, este ter afirmado que tudo tinha sido feito dentro da lei e estava de consciência tranquila. Também alguns dos intervenientes e responsáveis pelo negócio hoje conhecido já manifestaram a sua absoluta tranquilidade.
Alguém poderia explicar a esta gente que, primeiro, não somos parvos e, segundo, o que quer dizer consciência.
Esta é a pantanosa pátria, nossa amada. 


1 comentário:

não sei quem sou... disse...

Os mafiosos são indefiníveis, a família é apenas uma: POLÍTICA!

Intrinsecamente não somos parvos.
Mas somos lorpas quando vamos ás urnas.


VIVA!