Ainda na sequência da patética e perturbada entrevista de
Nuno Crato na altura da sinistra Prova de Avaliação de Conhecimentos (?!) e
Capacidades (!?), a Associação de Reflexão e Intervenção na Política Educativa
das Escolas Superiores de Educação promove uma reunião no sentido de preparar
uma reacção às declarações do Ministro da Examinação que, ao que parece, poderá
passar por um pedido de demissão do Ministro.
Se bem se recordam, aflito com a justificação do
injustificável, Nuno Crato começou a disparar de forma irresponsável sobre a
formação de professores, área que manifestamente ignora. O seu aval e defesa de
uma Prova que não tem rigorosamente a ver com Conhecimentos e Capacidades para
o exercício da função de professor é, evidentemente, um atestado dessa
ignorância.
Mas Crato foi um pouco mais longe, recorreu ao velho princípio
de dividir para reinar, afirmou que a formação de professores nas Escolas
Superiores de Educação é de pior qualidade que a das Universidades, outra
enormidade. Na mesma linha, tinha realizado há dias um negócio manhoso com a
FNE dividindo os professores contratados em dois grupos, um dos quais, os “mais
de 5 anos de experiência”, ficou isento da sinistra Prova, uma manobra mais uma
vez sem sustentação sólida.
Como referi, de uma assentada, Crato reduziu a zero o
trabalho que os Politécnicos e as Universidades realizam, ainda que
estas sejam um pouco melhor, mas, sobretudo, desacreditou incompreensivelmente
o trabalho da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior
cujo trabalho de avaliação é reconhecido.
Sublinho, sempre o tenho afirmado, que a minhas notas não
significam que tudo esteja bem na formação de professores, longe disso, mas
este não é caminho, tal como não o é a metodologia de revisão já imposta pelo
MEC.
O Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos face a
esta irresponsável e não sustentada apreciação solicitou ao Primeiro-ministro a
demissão de Nuno Crato. O Ministro achou incompreensível o pedido de
demissão, considerando que se tratou do "aproveitamento despropositado de
uma conjecturável ambiguidade".
Está certo, Nuno Crato afirmou que as licenciaturas das ESEs
não merecem confiança mas isto é uma "conjecturável ambiguidade"
entendem?
O Ministro volta a não acertar, produz em público um conjunto
de apreciações sobre o trabalho das ESEs que não poderia fazer desta forma e
sem que estivesse devidadamente sustentado por avaliações sólidas que
contrariassem o trabalho da A3ES e afirma que se tratou de uma “conjecturável
ambiguidade”, seja lá isto o que for.
Não, Nuno Crato, certamente perturbado pela “normalidade”
com que a sinistra Prova tinha corrido, com cerca de metade dos professores inscritos
a não realizá-la, um clima nas escolas completamente alterado, professores enxovalhados
e humilhados “esticou-se”, como diz o povo, afirmou o que não podia ter
afirmado.
Acontece que pessoas com espinha, como falava o meu Pai, com
dimensão ética, com seriedade intelectual, quando erram, assumem.
Confesso, no entanto, que a minha expectativa é baixa, esta
gente não tem espinha, como não tem dúvidas.
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