No Porto, a PSP retirou durante a madrugada uma criança de 4
anos que estava só num apartamento. A situação foi denunciada por vizinhos,
sendo que as autoridades não conseguiram contactar familiares do miúdo que, por
isso, foi para entregue a uma instituição.
Apenas mais um exemplo, lamentavelmente frequente, dos tratos
e negligência que os miúdos sofrem.
Um dia destes vinha pela rua a pensar para dentro e,
portanto, não reparando para fora, quando oiço uma voz bem alto “não comeces
com essa merda, levas já uma chapada nos cornos”. Assustei-me, poderia, na
minha distracção ter feito algo de estranho e indevido e quando atentei,
tinha-se cruzado comigo uma senhora com uma gaiata de uns 3 anos pela mão. A
miúda ia com uma cara pouco tranquila e ainda ouvi da mãe o tão português
“ouvistes?”.
Fiquei parado a olhar para aquela gente que se afastava.
Tentei imaginar como poderia ser o dia a dia daquela miúda e a relação com
aquela mãe. Posso ser injusto mas não me ocorreu um pensamento optimista.
Aquela mãe seria doente? Foi apenas um incidente casual e
sem repetição? Quem protegerá aquela miúda? Não é suposto proteger os filhos
dos pais.
Esta gente que deixa um miúdo de 4 anos abandonado em casa,
está incontactável, merece um filho? Que vida carrega, que lhes falta ou lhes
sobra?
Este miúdo, por enquanto, é um sobrevivente, até quando?
Mas as crianças senhores, porque lhes dais tanta dor.
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