quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

OS NEGÓCIOS DA FAMÍLIA. Enésimo episódio



O negócio relativo aos swaps foi adjudicado ao escritório amigo por ajuste directo, claro, devido à confidencialidade e urgência.
No negócio que envolve  a ARS de Lisboa e Vale do Tejo é de registar que as outras ARS procedem ao inventário com os seus próprios recursos mas em Lisboa era necessário "outsourcing".
A terceira referência envolve uma terna troca de favores no arranjo de uns lugarzinhos autárquicos, os amigos são para as ocasiões e tudo é feito com respeito pelas normas, como sempre.
Nós acreditamos evidentemente, somos uns crentes, eu próprio ainda há pouco me cruzei com o Pai Natal que ia de volta para casa e me desejou Bom Ano. Eu acredito.
A roda livre de impunidade e incumprimento dos mais elementares princípios éticos quando não da lei, produziu nas últimas décadas uma verdadeira família de gente que, à sombra dos aparelhos partidários e através de percursos políticos, se movimentam num tráfego intenso entre entidades e empresas públicas e estruturas privadas, envolvendo-se frequentemente em negócios que insultam os cidadãos. É por este tipo de situações que reforma do estado quer dizer cortes nos rendimentos das famílias.
Esta família alargada envolve gente de vários quadrantes sociais e políticos com uma característica comum, os negócios obscuros, e tem membros destacados como Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Duarte Lima, Isaltino Morais entre tantos outros com menos impacto mediático, mais discretos na função ou no comportamento.
Acontece ainda e isto tem efeitos devastadores, que muitos dos negócios que esta família vai realizando, envolvendo com frequência dinheiros públicos ou, caso da SLN/BPN, com consequências pesadíssimas para os contribuintes.
Entretanto, do outro lado desta família que se protege e apoia, temos quase três milhões de portugueses em situações de pobreza e exclusão, um milhão e meio de desempregados e a esmagadora maioria da população esmagada por políticas de austeridade que sacrificam a dignidade e ameaçam a sobrevivência.
Todos os membros desta família, quando questionados sobre os seus negócios ou envolvimento em algo, afirmam, invariavelmente que tudo é feito tudo dentro da lei, nada de incorrecto e, portanto, estão sempre de consciência tranquila, recordo, por exemplo, as trapalhadas que envolveram o "Dr." Relvas ou o Dr. Machete e as suas afirmações sobre a tranquilidade em que repousava as suas consciências.
Alguém poderia explicar a esta gente que, primeiro, não somos parvos e, segundo, o que quer dizer consciência.
Esta é a pantanosa pátria, nossa amada. 

2 comentários:

Eme Pê disse...

Mais um tijolo para o edifício da justiça que ouvimos dizer estar a construir-se e que depois vemos repetidamente posto em causa em situação destas. Não há argumento de razão que possa justificar o denodo com que acontecem, crescem e depois alastram estas coisas. Chega a dar a ideia de que os seus ‘fabricantes’ agem em matilha.

não sei quem sou... disse...

Em 1972, o cineasta Francis Ford Copola inspirou-se no livro escrito pelo sr. Mario Puzo e começou a construir a trilogia do "GODFATHER". Presentemente e passados 41 anos já era tempo do sr. Francis Copola debruçar-se sobre o mesmo tema e vir até Portugal que aqui encontra muitos "DON VITO CORLEONE" nos muitos e diferentes cenários políticos, onde tinha imensa matéria de inspiração. Em pobreza e clones de "DON VITO CORLEONE" somos nós RICOS.
Não temos o Marlon Brando mas temos um rapazito que reside ali para os lados de Belém e que é um grande artista...


VIVA!