segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

FUI AO ESPÍRITO NATALÍCIO

Fui ao espírito natalício, isto é, ao Almada Fórum. É um dos maiores e é nosso, aqui mesmo à beira.
Não foi tarefa simples conseguir um lugar para o carrito, parece que é difícil estacionar no espírito natalício, os parques estão completos, gostamos muito do nosso espírito natalício, é tão bonito, ou mais, que os outros.
Logo nos parques se via, se sentia, se ouvia, o Natal. Os carros com as luzes e piscas ligados e a apitar freneticamente pareciam um enfeite. Muito bonito e as pessoas estavam com um ar contente, a entrar ou sair cheias de embrulhos de espírito natalício, até pareciam indiferentes à crise que nestas alturas, é claro, sempre se esquece um pouco.
Lá dentro do espírito natalício havia gente que vou-vos contar. Mas cria-se um ambiente tão simpático e aconchegante com o aquecimento no máximo e as pessoas ao colo umas das outras, que se deseja que o Natal não acabe. Foi uma experiência fantástica. Para terem uma ideia do meu Natal no espírito natalício, deixo-vos uns fragmentos do que fui captando.
“Ó Cajó não tesqueças que temos que ir ao JUMBO buscar os camarões que são mais baratos que no LIDL. Tá bem Micas, aproveita-se e levamos as bejecas.”
“Crise? Qual crise? Crise é para mim que não me sai o Euromilhões.”
“Vanessa não insistas. Inda em Agosto, pelos anos, te comprei um telemóvel, não te vou já comprar outro. Na tua idade não precisas de uma banda muito larga, essa chega muito bem.”
“É sempre a mesma coisa e eu não aprendo. A tua mãe está lá dentro da loja há uma hora, na volta não compra nada nesta e temos que apanhar outra seca.”
“Crise? Qual crise? Crise é para mim que não me sai o Euromilhões.”
“Não me chateies com os livros. Ainda não leste todos os que estão lá em casa.”
“Tatiana, por amor de Deus, 12 prendas chega. Queres mais alguma coisa pede à tua avó.”
“Não Miguel, é ao contrário, o Natal é que passas com a mãe e na passagem de ano é que vais com o teu pai.”
“Crise? Qual crise? Crise é para mim que não me sai o Euromilhões.”
“Ó mãe deixa-me pôr outra moeda na máquina. Ainda só andei seis vezes. Vá lá.”
“Vou ali à FNAC comprar aquela cena do GPS. Fica fixe no carro. O people tem todo.”
“Eu bem te disse que não era boa ideia trazer a velhota. Nunca mais vamos sair daqui.”
Logo que me apanhei com os livros e os discos que fui procurar no espírito natalício ... fugi.
Não, não gosto particularmente do espírito natalício.

2 comentários:

Cláudia Anjos Lopes disse...

Também não... Mas se calhar vou ter de lá ir...

não sei quem sou... disse...

É uma perspectiva redutora de olhar para o Natal.
É este estado de agitação Natalícia que mexe com a economia. E quem compra é porque tem "papel".
A minha preocupação é os outros que não vão ao Forum.


VIVA!