A ex-Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, produz em entrevista ao Público uma série de críticas à actual Política Educativa traduzida numa apreciação arrasadora, "Milhares estão a ser atirados para fora do sistema".
Como já tenho referido, em Portugal verifica-se uma estranha e curiosa situação, muitos ocupantes de funções políticas relevantes após terminarem essas funções apresentam sempre uma visão muito clara do que deve ser a política na área de que foram responsáveis mas que, por incompetência, falta de poder, visão diferente ou qualquer outra justificação, não realizaram. É o que eu chamo a Síndrome Pós-ministério, ou seja, é assim que se deve fazer mas na altura, não me lembrei, não soube, não fui capaz ou ...
É verdade que as políticas educativas actuais são, em muitos aspectos, absolutamente deploráveis, com consequências devastadoras, gostava de estar enganado, que muito rapidamente irão ficando evidentes, aliás algumas já à vista, mas, embora exista a ideia de que "atrás de mim virá quem bom de mim fará" importa não esquecer que Maria de Lurdes Rodrigues ocupou a 5 de Outubro e subscreveu medidas de política educativa que mereceram, merecem, profundas críticas e não podem ser esquecidas.
Alguns exemplos. Uma primeira referência para a existência da figura insustentável de "professores titulares" e professores "outros" comum que teve um efeito arrasador no clima das escolas e no universo profissional dos docentes.
Uma segunda nota relativa à aceitação do estabelecimento de quotas na avaliação de professores para além da tentativa de instalar um bizarro modelo de avaliação que determinava a estranha situação de um professor que apesar de cumprir todos os critérios para que fosse considerado "excelente", não pudesse sê-lo porque as "senhas" para excelente já estavam esgotadas, já não cabia.
Finalmente, uma chamada de atenção para a definição do DL 3/2008, relativo à educação especial que reintroduzindo no universo da educação um insustentável critério de "elegibilidade" para apoio educativo, produziu e produz milhares de situações de alunos com dificuldades que ficaram sem os apoios necessários. Em educação, do meu ponto de vista, não é aceitável que a decisão sobre o que se realiza com um aluno que experimenta algum tipo de dificuldade assente no entendimento sobre se "é elegível, ou não é elegível", deve assentar na definição de que tipo de apoio o aluno ou os seus professores precisam. Deve, no entanto, sublinar-se que neste âmbito, a resposta aos alunos com dificuldades a actual equipa do MEC tem sido de uma enorme incompetência e insensiblidade que ameaçam os direitos dos miúdos.
A história é algo de importante e o tempo não não faz esquecer tudo.
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