domingo, 22 de dezembro de 2013

O PAI NATAL

Aqui há dias, numa roda de família falava-se de como nos tempos de mais miúdos acreditávamos, e até que idade, no Pai Natal. Aliás, faz parte da agenda desta época o surgimento de algumas peças na comunicação social sobre as crenças das crianças no Pai Natal.
Nesses trabalhos é frequente ouvirmos as crianças afirmar convictamente a sua crença no Pai Natal. É verdade, os miúdos acreditam no Pai Natal. Eu tenho a certeza, já fui Pai Natal. Nunca percebi muito bem porquê, mas desempenhei várias vezes a função, se calhar a escolha devia-se à proeminente mochila que carregava à frente, agora um pouco mais pequena, felizmente, e às barbas brancas que de há muito me acompanham. 
Não pensem que é uma tarefa fácil, não é não senhor. Passar umas horas dentro de um fato quentíssimo com umas barbas ainda mais quentes que insistem em deixar a boca cheia de pêlos não é muito simpático. Mas os miúdos acreditam no Pai Natal e isso ajuda a aliviar o desconforto. Felizmente ainda não tinha sido inventada a moda do Pai Natal trepador de varandas, então desistiria mesmo. 
Numa das vezes, há já muitos anos, cena de que ainda possuo uma memória perfeita, lembro-me do ar aflito e preocupado de um gaiato que insistiu o tempo todo junto de mim para que não me esquecesse do que queria como presente, Moto Ratos, umas personagens de banda desenhada em voga na altura. E o miúdo, sempre que me lembrava os Moto Ratos, explicava-me com os olhos muito abertos e com muitos gestos como se ia para casa dele para eu não me enganar no caminho. Confirmei depois que ele recebeu os desejados Moto Ratos, claro, o Pai Natal cumpre.
Deve ser bom acreditar no Pai Natal. Aliás, deve ser bom acreditar.
Eu já não acredito. Acho que cresci e perdi o encanto.

Sem comentários: