Depois da anunciada pressão para acelerar os
processos de reforma requeridos pelos professores teve início o programa de
"rescisões amigáveis" (o termo é ofensivo) também extensivo aos
docentes e que terá já cativado cerca de 300 professores. Estes processos são recorrentemente referidos pelo MEC como forma
de evitar que alguns dos "descartáveis" fiquem na mobilidade especial,
perdão, na requalificação, perdão no desemprego, o que me causa sempre algum
embraço.
Lembrar-se-ão de uma primeira referência de Nuno
Crato a uma esperada vaga de aposentações que minimizaria o risco dos
insultuosos "horários zero" e do seu ajudante o Secretário de Estado
do Ensino e da Administração Escolar, Casanova de Almeida, afirmar uns
dias depois que o Governo iria pedir que fosse acelerada a apreciação dos
pedidos de reforma já apresentados o que “permitirá criar seis mil horários”, o
que, de acordo com a tradição das contas
em modo MEC, não acontecerá de todo.
Parece-me de recordar que boa parte das
aposentações de professores ou de eventuais rescisões "amigáveis" tem
sido e será de pessoas que não aguentam o clima e as condições de trabalho que
a PEC - Política Educativa em Curso e as questões profissionais decorrentes das
políticas de austeridade que têm tido como alvo privilegiado os funcionários da
administração têm imposto, pelo que solicitam a aposentação com perdas
significativas de rendimentos e muitos lamentando as circunstâncias em que o
fazem.
Referir sistematicamente a situação da
aposentação como instrumento de gestão privilegiada, além do exemplo de
planificação rigorosa e revelar incompetência, nada garante que o perfil dos
professores que se aposentam corresponda ao perfil de necessidades do sistema
parece-me ainda, para ser simpático, de uma enorme elegância e simpatia,
"como alguns estão velhos e cansados" os mais novos sem trabalho
estão "safos".
No fundo, a mensagem será, os professores
que estão a ser cortados, não porque não tenham trabalho, mas porque as
políticas os tornam descartáveis, deverão pressionar os seus colegas mais
velhos a porem-se a andar para conseguir, assim, um lugar.
Percebe-se melhor a política de recursos humanos
e contabilidade do MEC, criam-se as condições para que os mais velhos e caros,
evidentemente, peçam para sair, muitas vezes com custos pessoais elevados,
acelera-se a tramitação da reforma e arranjam-se uns empregos.
Não consigo entender estes discursos e políticas.
Se este entendimento faz escola lá virá, de novo,
a ideia de sugerir a emigração para que os que cá fiquem tenham mais facilmente
trabalho e se poupe ainda mais em subsídios de desemprego e apoios sociais e o
Ministério da Solidariedade e da Segurança Social promoverá, discretamente já
se vê, a partida dos velhos para poupar em reformas e pensões, acção a que o
Ministério da Saúde dará uma ajuda cortando nos gastos do SNS.
É só ganhos.
O mundo está um lugar estranho.
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