Estamos em período de férias de Natal com os mais novos em casa. Com mais tempo disponível e livres da proibição escolar de uso do telemóvel, para muitos será uma tentação a sua utilização como forma de ocupar o tempo.
A experiência diária e, como
agora se diz, a evidência, mostram de forma cada vez mais clara como o excesso
de tempo que crianças e adolescentes (mas não só) passam “trancados” em ecrãs
têm impacto negativo no seu bem-estar e saúde mental, no desenvolvimento de
competências e capacidades cognitivas, sociais e emocionais e, naturalmente, na
aprendizagem. São conhecidos muitos exemplos de situações graves ocorridas no
contexto de utilização das redes sociais.
Em muitos sistemas educativos e
também por cá, têm surgido iniciativas, sobretudo nos espaços escolares, no
sentido de minimizar esse tempo incluindo a redução da utilização dos recursos
digitais na aprendizagem, sobretudo em particular com os mais pequenos.
Certamente mais difícil será a
mudança nos contextos familiares e comunitários. O próprio comportamento dos
adultos não parece favorável a esse trajecto de mudança.
O próprio comportamento dos
adultos não parece favorável a esse trajecto de mudança. Creio, aliás, a
absoluta desregulação da utilização por parte dos adultos será um enorme
obstáculo à auto-regulação por parte dos mais novos. Como já aqui contei, lembro-me
de estar numa conversa com pais de crianças no básico a falar sobre esta
questão e referir as orientações das associações de pediatria oftalmológica
relativas ao tempo aceitável de exposição a ecrãs em diferentes idades. Um pai
comentou, "são opiniões". Pois, o problema é esse mesmo, as opiniões.
Na verdade, é clara a dificuldade
de mudança dos comportamentos, independentemente dos discursos de concordância
com a preocupação ou a expressão de dificuldades.
Não sou apologista de estratégias
essencialmente proibicionistas, mas sim do incremento de comportamentos de
auto-regulação ajustados às diferentes idades.
No entanto, com alguma frequência
se alimenta o equívoco de que não proibir significa a ausência de regras e
limites. Do meu ponto de vista, a proibição por vezes necessária não invalida a
um trajecto de auto-regulação sempre mais consistente.
No entanto, com alguma frequência
se alimenta o equívoco de que não proibir significa a ausência de regras e
limites. De todo, como tantas vezes afirmo, as regras e os limites são bens de
primeira necessidade no bem-estar global e no desenvolvimento saudável de
crianças e adolescentes.
É o bem-estar dos mais novos e a
qualidade global dos processos educativos que estão em jogo.
É uma questão demasiado
importante.
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