Um dos muitos palpitólogos e prolíficos opinadores do reino
dos achistas e tudólogos, Martim Avillez, veio hoje no Expresso, de novo, num
texto deplorável de ignorância e má-fé, atacar os professores "A Matilha das escolas". A linha de
argumentação, não merece sequer esta designação, é de tal maneira disparatada
que não vale a pena perder tempo a refutar. A ideia chave é elucidativa, os
professores “não aceitam submeter-se às regras com que avaliam os seus alunos”, o
iluminado achista não entende que existe uma pequeníssima diferença entre
professores e alunos e que não se está, evidentemente a falar da mesma coisa o que
ele não quer entender numa de demagogia, nem sequer muito inteligente.
No entanto, o que me deixou mesmo embaraçado foi a afirmação do
Avillez de que Crato “Procura ter os melhores professores para ajudar a gerar as
melhores crianças”. Apesar de estar atento ao que Nuno Crato decide nunca me
pareceu que defenda que os professores devem gerar alunos, mesmo que os
melhores. Parece que a tarefa de gerar criancinhas, boas ou más, é dos pais, o
Avillez acha que é dos professores, essa malandragem, matilha como lhe chama
numa pérola de elegância e fino recorte estilístico. Dr. Avillez, francamente,
que acha que é uma escola?
Esta rapaziada, o Avillez não é o único, que nunca vê
avaliado o seu trabalho, a imprensa amiga é para isso mesmo, vai, assim, produzindo
com regularidade umas prosas em que procura arrasar uma classe de
preguiçosos, incompetentes, privilegiados e improdutivos profissionais
que, apesar deste conjunto de "virtudes", de uma política educativa
que tem sido dirigida para números e não para pessoas e é submersa
pela incompetência política e pela deriva dos interesses partidários, tem
conseguido trazer os alunos portugueses para níveis de resultados bem mais
aceitáveis como comprovam os estudos internacionais e, certamente por milagre,
terão dado o seu modesto contributo para a formação da tão apregoada mais
qualificada geração de portugueses, que lamentavelmente tem de partir à procura
de um futuro que por aqui não encontra.
Como seria previsível, a sinistra Prova do dia 18 foi o
último pretexto para mais uma catilinária contra os professores. Nada de novo
na escrita, a arrogância habitual, a ignorância habitual, os preconceitos
habituais, enfim, o habitual discurso conclusivo e sem dúvidas de quem nunca se
engana.
O que já me admira um pouco é que aparecem sempre algumas
pessoas, professores quase sempre, que se sentem indignadas pelos tratos deste
pessoal e tentam responder, claro que sem visibilidade, mais frequentemente
através das mais acessíveis mas nem sempre virtuosas redes sociais, ou suportes
da mesma natureza, e umas cartas ao Director que alguns jornais lá vão
publicando.
Nestas iniciativas, os autores tentam rebater com empenho e
seriedade, com números, com dados, com factos, as enormidades ignorantes e
preconceituosas de achistas mal-intencionados e ignorantes como o Avillez, é
isso que me admira. Os registos de um e de outros não são compatíveis, ou
seja, um discurso assente em preconceito, em definitivos juízos de
valor, em achismos, em ignorância, em insulto, é, obviamente, imune a uma
resposta que não seja no mesmo registo e por isso nada se altera. Se por acaso
o Avillez lesse algumas das respostas ao seu texto sem o
preconceito que lhe tolda a cabecinha, concluiria, evidentemente, que estava tudo
errado porque sim, porque ele é que está certo. Ponto.
No entanto, tal como fazem com os seus alunos, os bons
professores, a grande maioria, não desistem e vão tentando que o Avillez saiba
alguma coisa deste mundo dos professores e das escolas, matéria que
obviamente desconhece.
Não há saco.
3 comentários:
Na mesma edição do jornal Expresso, temos também o achista-mor Sousa Tavares a coçar-se com a habitual alergia. É o que dá, ter ódios de estimação. Não há tratamento eficaz que cure tal maleita.
É preciso ter cuidado com rafeiros comentadores enraivecidos. Não basta dar-lhes com o jornal enrolado no lombo como estratégia educativa pavloviana. É preciso dar-lhes mesmo com um cacete duro no sítio certo.
A sabedoria popular, na sua riqueza, ensina-nos, efectivamente, que “a ignorância é atrevida.”. E tanto mais se vinda de aristocratas ignorantes promovidos por via de apelidos ideologicamente sonantes a (pseudo)cronistas de qualidade (argumentativa e discursiva) muito duvidosa e a quem, certamente, qualquer raciocínio minimamente exigente provocaria uma imediata e intensa neurastenia.
Do alinhavado de frases daquele de quem se fala, a que faltam a consistência e a coerência indispensáveis para que se lhe pudesse, hiperbolicamente, chamar texto (e muito menos crónica), apenas uma ideia a salientar: “É o que os outros fazem com o que damos de nós que permite avaliar a nossa competência”. Pessoalmente, contribuo com o papel em que Martim Avillez Figueiredo se dignou registar algum palavreado oco, fútil e desconexo sobre assuntos que desconhece e os quais, por esse motivo, deveria abster-se de comentar para aumentar o volume do ecoponto azul mais próximo. E o que assim faço com o que me deu permite-me avaliar a sua (in)competência.
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