Dados hoje divulgados pela Direcção-geral de
Saúde referem que em Portugal um em cada
dez doentes contrai uma infecção nas unidades de saúde 10,6%. Na União
Europeia a taxa global média é de 6,1%.
Estes números parecem indiciar que, também neste campo,
estamos a estagnar ou a piorar pois em 2011 foi publicado um estudo da Escola
Nacional de Saúde Pública segundo o qual cerca de 10% dos doentes que recorriam
aos hospitais desenvolviam problemas de saúde acrescidos por erros de
intervenção. Das pessoas afectadas, 10.8% acabavam por falecer e também entre
todos os casos ocorridos, apenas em 0.8% o próprio ou familiares são
informados.
Como é óbvio, o factor erro ou acidente está
presente em qualquer actividade humana. A grande questão não é eliminá-lo mas,
tanto quanto possível, minimizar o risco de ocorrência. No entanto, parece-me
bem mais significativo e grave que só numa percentagem residual as pessoas
vítimas destas circunstâncias ou os seus familiares fossem informadas do quadro
real.
Se existem áreas em que a confiança nos
profissionais e nas instituições é essencial, uma dessas áreas será a saúde,
tal como a justiça, por exemplo.
Não podemos deixar instalar a ideia de que o
recurso ao hospital seja uma ameaça pelo risco significativo de ... doença ou de
erro profissional e de que, sobretudo, de que nada nos seja dito sobre o que
nos acontece ou pode acontecer. No entanto, como recorrentemente muitos profissionais
e especialistas no sector têm vindo a alertar, como consequência das opções
políticas em desenvolvimento corremos verdadeiramente o risco de degradação das
condições e qualidade de funcionamento das unidades de saúde. Tal evolução
sustentará que os números hoje conhecidos possam aumentar.
As dificuldades que enfrentamos são inúmeras e
sem fim à vistas, a desesperança é um sentimento instalado, os níveis de confiança
da maioria de nós face a diferentes aspectos estão a bater no fundo.
Deixem-nos, pelo menos, confiar em que quando
estamos doentes e procuramos ou precisamos de ajuda hospitalar, não vamos
sofrer ou morrer com a ajuda.
O mundo anda o bocado às avessas.
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