Lê-se no Público que "na
Alemanha, as equipas da Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo
Monetário Internacional (FMI) também são acusadas de impor receitas erradas aos
países sob programa de ajuda externa". Pode ainda ler-se que a "irritação
de Berlim dirige-se sobretudo contra a Comissão Europeia, incluindo o seu
presidente, Durão Barroso, o que não deixa de ser paradoxal quando muitas das
exigências de austeridade aplicadas aos países sob programa de ajuda são
implicitamente apresentadas em Bruxelas como resultantes de exigências alemãs".
O mundo está completamente louco,
afinal, dizem, todos estão contra a "austeridade". Já ouvimos Bruxelas e o Banco Central Europeu
criticarem o excesso de austeridade e criticar a inflexibilidade e hegemonia
alemã, já ouvimos o FMI criticar as políticas centradas na austeridade. Só
faltava mesmo ouvir os responsáveis de Berlim criticarem a austeridade e
demarcarem-se das respectivas políticas.
Este conjunto de discursos absolutamente
delirante parece então indiciar que o tsunami devastador das políticas de
austeridade que se abateu sobre milhões e milhões de famílias dos países
periféricos aconteceu por geração espontânea ou por escolha e responsabilidade
de natureza masoquista das próprias pessoas. Não existem responsáveis, apenas
vítimas.
É o despudor completo.
O projecto europeu é um cadáver
em decomposição que no seu desmoronamento atropela a vida e a dignidade de
muitos milhões de pessoas.
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