Um estudo realizado nos Estados Unidos sugere que os adolescentes tendem
a ver o seu envolvimento no Facebook como uma "obrigação". Como tal e
porque esta rede começa a ser muito frequentada por adultos, os adolescentes
começam a migrar para outras redes para manterem as suas amizades virtuais e "protegidas"
de adultos.
Já tenho me referido a este universo e retomo algumas notas.
Como não podia deixar de acontecer as mudanças tecnológicas estão
associadas a mudanças de valores e de comportamentos.
A explosão brutal do envolvimento das pessoas em redes sociais onde se
encontram milhares de amigos é um bom exemplo destas mudanças.
No caso particular dos mais novos parece-me ajustada alguma atenção a
este fenómeno sem uma atitude, moralista, antecipadora de problemas ou, muito
menos, proibicionista.
Com muita referência são conhecidos casos de problemas sérios ligados às
redes sociais, ciberbullying, abusos, crianças atraídas por pessoas que
conheceram nas redes sociais da Net, os chamados amigos virtuais, que nem de
amigos nem de virtuais têm muito.
Este quadro torna necessário que se esteja atento
ao quotidiano dos adolescentes. Muito deles, independentemente do estatuto
social e cultural das respectivas famílias, passam um tempo imenso sós,
abandonados, em frente a um ecrã onde contactam facilmente com gente tão
abandonada quanto eles e com gente disposta a aproveitar-se desse abandono e
vulnerabilidade. Aliás, até se encontram com frequência famílias que se sentem
tranquilas porque os filhos estão “seguros” em casa e não correm risco.
Neste sentido, parece-me importante um esforço
grande por parte da comunidade, designadamente escola e pais, no sentido de que
as redes sociais dos adolescentes sejam reais e não virtuais, por exemplo
através da criação de programas destinados a tempos livres, de que se combata a
iliteracia informática das famílias de modo a conhecerem os materiais com que
os filhos lidam e de que os adolescentes sejam alertados para comportamentos de
risco em matéria de contactos através das “redes sociais virtuais”.
Os tempos novos trazem inquietações novas.
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