sexta-feira, 3 de maio de 2013

MIÚDOS E FOTOCÓPIAS

Como já tenho referido, uma das questões que por vezes me inquieta no que respeita aos mais novos é a pressão para a excelência no desempenho que alguns sofrem sobretudo por parte dos pais. Acresce que esta excelência deve acontecer em todas as áreas de actividade dos miúdos.
É verdade que para os miúdos é importante sentir o incentivo e a preocupação dos pais com as suas actividades ou com a qualidade do que fazem. No entanto, para alguns miúdos essa pressão pode ser sentida de forma excessiva e acabar por ter efeitos contrários, ou seja, os miúdos sentem uma enorme frustração por receio de falhar ou porque de facto não corresponderem a essa exigência ou pressão por parte dos pais o que leva alguns a desenvolver comportamentos de rejeição ou desmotivação face a algumas áreas de funcionamento, vida escolar, por exemplo.
Em muitas circunstâncias, este comportamento, bem intencionado é certo, por parte de alguns pais, decorre do entendimento de que os filhos devem ser fotocópias suas ou, dito de outra forma, que deverão ser uma fotocópia dos seus desejos.
A questão é que ninguém pode ser fotocópia de ninguém sem que perca algo, pouco ou muito, do que é seu e lhe dá identidade.
Em termos práticos, é frequente que muitas famílias “tracem” o destino dos mais novos, desde as coisas menos relevantes até à escolha da profissão que “terá” de ser a que os pais desempenham ou a que os pais gostavam de desempenhar.
Na verdade, para ser gente os miúdos não precisam de ser fotocópias de ninguém, quando são fotocópias de alguém mais dificilmente serão Gente.

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