Como já tenho referido, uma das questões que por vezes me
inquieta no que respeita aos mais novos é a pressão para a excelência no
desempenho que alguns sofrem sobretudo por parte dos pais. Acresce que esta
excelência deve acontecer em todas as áreas de actividade dos miúdos.
É verdade que para os miúdos é importante sentir o incentivo
e a preocupação dos pais com as suas actividades ou com a qualidade do que
fazem. No entanto, para alguns miúdos essa pressão pode ser sentida de forma
excessiva e acabar por ter efeitos contrários, ou seja, os miúdos sentem uma
enorme frustração por receio de falhar ou porque de facto não corresponderem a
essa exigência ou pressão por parte dos pais o que leva alguns a desenvolver
comportamentos de rejeição ou desmotivação face a algumas áreas de funcionamento,
vida escolar, por exemplo.
Em muitas circunstâncias, este comportamento, bem
intencionado é certo, por parte de alguns pais, decorre do entendimento de que
os filhos devem ser fotocópias suas ou, dito de outra forma, que deverão ser
uma fotocópia dos seus desejos.
A questão é que ninguém pode ser fotocópia de ninguém sem
que perca algo, pouco ou muito, do que é seu e lhe dá identidade.
Em termos práticos, é frequente que muitas famílias “tracem”
o destino dos mais novos, desde as coisas menos relevantes até à escolha da
profissão que “terá” de ser a que os pais desempenham ou a que os pais gostavam
de desempenhar.
Na verdade, para ser gente os miúdos não precisam de ser
fotocópias de ninguém, quando são fotocópias de alguém mais dificilmente serão
Gente.
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