sexta-feira, 24 de maio de 2013

AS PALAVRAS QUE OFENDEM

Vai por aí um enorme alarido com a entrevista de Miguel Sousa Tavares ao Jornal de Negócios na qual entendeu por bem apelidar o Presidente da República de "palhaço". O Presidente, obviamente, não gostou, sentiu uma "ofensa de honra", queixou-se à PGR que abriu um inquérito a MST. Entretanto o ofensor veio retratar-se do excesso e aguarda-se o desenvolvimento do processo.
Devo confessar que não aprecio particularmente o discurso de MST, com excessiva frequência, fala do que não sabe da forma que não deve, típico daquilo a que chamo a arrogância da ignorância.
É neste quadro que integro a terminologia usada, o "palhaço", ou seja, a arrogante forma de se referir ao que entende da forma que entende assumindo um estatuto de inimputável pois tudo lhe é permitido dada a sua grandeza. Na verdade, nem tudo lhe pode ser permitido e talvez ainda consiga aprender, eu acredito que é possível aprender, embora seja particularmente difícil quando se acha que se sabe tudo.
Por outro lado, acho muito curioso o alarido pois, apesar de nada branquearem, as "ofensas" são extraordinariamente frequentes na nossa vida política e não só.
Com demasiada regularidade são usados termos no âmbito da saúde mental, esquizofrenia ou autismo, por exemplo, para adjectivar comportamentos e discursos na vida política quando tal uso é uma enorme ofensa ao sofrimento das pessoas e das famílias que lidam com quadros clínicos desta natureza.
Parece-me uma enorme ofensa à honra e dignidade afirmar que temos de empobrecer quando um terço dos portugueses vive no limiar de pobreza.
Parece-me uma enorme ofensa as despudoradas mordomias e salários que alguns arautos dos sacrificios e da austeridade usufruem.
Parece-me uma enorme ofensa, afirmar que o desemprego é uma janela de oportunidade num país com um milhão de desempregados, mais de metade sem subsídio e com 42.1% dos jovens sem trabalho.
Muitos velhos que conheço e que têm pensões e reformas miseráveis sentiram-se ofendidos quando o Presidente da Republica afirmou que os milhares de de euros de reforma de que disporá não lhe chegarão para as despesas pessoais.
Enfim, o que mais existem são exemplos de como as palavras que por aí se soltam podem ofender.
A referência ao "palhaço" produzida por MST mais não fez do que justificar a mais comum das referências comuns, as sucessivas "palhaçadas" a que vamos assistindo e diariamente identificamos. E como se sabe, nas palhaçadas, existem palhaços e sempre, como em tudo na vida, os palhaços ricos e os palhaços pobres.
Siga, pois, o circo. Na falta do pão.

1 comentário:

não sei quem sou... disse...

É nestas alturas que eu gosto dos arruaceiros!

Chamam os bois pelos nomes.

Quando descaradamente se diz que 10.000 € de reforma mal dá para fazer face ás despesas de um casal, de certeza que provoca riso.PURISSÍMO EUFEMISMO MEU.

PALHAÇO faz PALHAÇADAS.

PALHAÇADA = CENA RIDÍCULA.

Digam-me agora o que foi a tal lamúria dos 10.000 € que são insuficientes para um casal viver?!!!

Nem me refiro ao CAMA, MESA e ROUPA LAVADA paga pelo povo.


VIVA!