O pai do Pedro, o António, dá-nos hoje um bonito exemplo de amor filial numa apreciação superlativa das suas qualidades, competências, trabalho e espírito de missão e sacrifício. É bonito, é natural, eu próprio, um José, pai de um João, defendo e apoio sem reservas aquilo que este, o João, possa ser ou fazer.
Acontece que, como é sabido, o amor nos perturba a razão, já diz o velho enunciado atribuído a Pascal, "O coração tem razões que a razão desconhece" e o António, naturalmente, justifica o que o Pedro tem vindo a fazer com conseqências muito complicadas para a vida das pessoas como uma inevitabilidade que o faz sofrer, sentir-se "morto por se livrar disto" e que levará a família realizar uma festa quando ele se "livrar disto".
Não vale a pena o trocadilho fácil de que "isto está morto por se livrar dele" ou ainda que também "isto" fará uma festa quando se livrar do Pedro. Não é de particular bom gosto.
A questão é outra e que o coração do Pai do Pedro inibe que a razão a entenda.
É certo que o Pedro herdou o país numa situação particularmente difícil com as contas completamente desequilibradas e numa conjuntura internacional altamente desfavorável.
Mas acontece que o Pedro já é fortemente responsável pelos dias que tem feito acontecer em Portugal
Surpreende a persistência insensível e insensata, cega e surda, neste caminho de “custe o que custar", no cumprimento dos objectivos do negócio com a troika e dos objectivos de uma política "over troika", atingindo claramente o limite do suportável e afectando gravemente as condições de vida de milhões. Estamos a falar de pessoas, não de políticas ou números, ou melhor estamos a falar do efeito das políticas na vida das pessoas.
Creio que já ninguém consegue sustentar que este trajecto nos possa levar a bom porto, está à vista o quanto é insustentável a insistência neste caminho que já dificilmente alguém na sociedade portuguesa consegue honestamente defender.
Na verdade, o caminho decidido, por escolha de quem o faz, é bom registar que existem alternativas, está a aumentar assimetrias sociais e obviamente a produzir mais exclusão e pobreza mas, insisto, mais preocupante é a insensibilidade da persistência neste caminho.
É este cenário que o António, o pai do Pedro, não consegue, o coração não deixa, entender.
O Pedro governa, em nome da troika é certo, o melhor povo do mundo e o António tem o melhor filho do mundo, o Pedro, é bonito e percebe-se mas serve de pouco.
Ainda assim gostei de ouvir o Pai do Pedro. Os Pais são assim, os nossos filhos são perfeitos.
1 comentário:
O senhor Doutor formado em medicina, António Coelho, natural de Vila Real, tem muito orgulho no filho Pedro mas também muita vergonha por ele ter aceite o cargo de feitor da Troika.
Possívelmente muitos dos conterranêos esfriaram suas relações de sociabilidade com o pesaroso pai por mor do cargo do filho. Sabemos que nestas terras de menor dimensão todas as pessoas se conhecem, para mais sendo o senhor médico e pai do salteador, não de bancos mas do Povo. Podemos dizer com toda a propriedade que é um Zé do Telhado ao contrário. Ou seja, ROUBA AO POVO PARA DAR AOS BANCOS.
O pai António Coelho, insigne médico de Vila Real, sentiu necessidade de dizer ao País que o filho Pedro é feitor da Troika mas de contra vontade, ESTÁ MORTO POR SE VER LIVRE DAQUILO!
NEM ANJO POR MAIS INGÉNUO QUE SEJA ACREDITA EM SEMELHANTE DECLARAÇÃO.
VIVA!
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