terça-feira, 21 de maio de 2013

MALTRATAR NÃO É GOSTAR

O DN divulga um trabalho interessante desenvolvido pela UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta sobre o universo das relações de namoro entre adolescentes e jovens.
O estudo envolveu 885 pessoas com idades entre os 11 e os 18 a frequentar escolas da área do Porto e de Braga. Em síntese, pode referir-se que para mais de metade dos inquiridos é normal proibir ao namorado(a) o uso de determinadas roupas, 5% dos rapazes acham que agredir a namorada não é violência. 25 % dos rapazes e 13,3% das raparigas acham que humilhar o parceiro(a) é legítimo e 15,65 dos rapazes e 5% das raparigas entendem que ameaçar é um comportamento normal.
Não conheço os instrumentos ou outras características do estudo mas os dados divulgados são preocupantes, ainda que não surpreendentes, pois vão no mesmo sentido de outros trabalhos realizados. Algumas notas breves.
Os sistemas de valores pessoais alteram-se a um ritmo bem mais lento que os nossos desejos e estão, também e obviamente, ligados ao quadro de valores sociais presentes em cada época. De facto, e reportando-nos apenas aos dados mais gerais, é relevante a percentagem de jovens que afirmam um entendimento de normalidade face a diferentes comportamentos que evidentemente significam relações de abuso e maus tratos.
Como todos os comportamentos fortemente ligados à camada mais funda do nosso sistema de valores, crenças e convicções, os nossos padrões sobre o que devem ser as relações interpessoais, mesmo as de natureza mais íntima, são de mudança demorada. Esta circunstância, torna ainda mais necessária a existência de dispositivos ao nível da formação e educação de crianças e jovens; de uma abordagem séria persistente nos meios de comunicação social; de um enquadramento jurídico dos comportamentos e limites numa perspectiva preventiva e punitiva e, finalmente, de dispositivos eficazes de protecção e apoio a eventuais vítimas.
Entretanto e enquanto não, "só faço isto, porque gosto de ti, acreditas não acreditas?".

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