O DN divulga um trabalho interessante desenvolvido
pela UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta sobre o universo das
relações de namoro entre adolescentes e jovens.
O estudo envolveu 885 pessoas com idades entre os
11 e os 18 a frequentar escolas da área do Porto e de Braga. Em síntese, pode
referir-se que para mais de metade dos inquiridos é normal proibir ao
namorado(a) o uso de determinadas roupas, 5% dos rapazes acham que agredir a
namorada não é violência. 25 % dos rapazes e 13,3% das raparigas acham que
humilhar o parceiro(a) é legítimo e 15,65 dos rapazes e 5% das raparigas entendem
que ameaçar é um comportamento normal.
Não conheço os instrumentos ou outras
características do estudo mas os dados divulgados são preocupantes, ainda que
não surpreendentes, pois vão no mesmo sentido de outros trabalhos realizados.
Algumas notas breves.
Os sistemas de valores pessoais alteram-se a um
ritmo bem mais lento que os nossos desejos e estão, também e obviamente,
ligados ao quadro de valores sociais presentes em cada época. De facto, e
reportando-nos apenas aos dados mais gerais, é relevante a percentagem de
jovens que afirmam um entendimento de normalidade face a diferentes
comportamentos que evidentemente significam relações de abuso e maus tratos.
Como todos os comportamentos fortemente ligados à
camada mais funda do nosso sistema de valores, crenças e convicções, os nossos
padrões sobre o que devem ser as relações interpessoais, mesmo as de natureza
mais íntima, são de mudança demorada. Esta circunstância, torna ainda mais
necessária a existência de dispositivos ao nível da formação e educação de
crianças e jovens; de uma abordagem séria persistente nos meios de comunicação
social; de um enquadramento jurídico dos comportamentos e limites numa
perspectiva preventiva e punitiva e, finalmente, de dispositivos eficazes de
protecção e apoio a eventuais vítimas.
Entretanto e enquanto não, "só faço isto,
porque gosto de ti, acreditas não acreditas?".
Sem comentários:
Enviar um comentário