Um dia destes, numa roda de
conversa, alguém referia a curiosidade de num anúncio que publicitava um emprego
se exigisse alguém de cujo perfil de competências deveria constar algo como
"Capacidade de análise de problemas
na óptica da sua resolução".
Fiquei mais atento e logo depois
de um primeiro e apressado juízo de valor pouco abonatório, devo confessar,
percebi, creio, a visão, a acuidade e pertinência presentes no enunciado.
Na verdade, é com demasiada frequência
que pessoas ou instituições analisam os problemas mas, estranhamente, não o
fazem na óptica da sua resolução, analisam-nos de vários ângulos, voltam a
analisá-los e discuti-los por tempos e processos infindos, abordam eventuais
soluções a que se seguem de novo inúmeras discussões e/ou estudos sobre as
eventuais soluções. A certa altura estão a discutir-se, mais uma vez, os
problemas.
ma vez ouvi alguém, com pensamento crítico e criativo,
designar este processo como "assar e desassar o bife".
No entanto e de forma mais séria
existe uma forma de olhar para este tipo de comportamentos revelados em
múltiplas circunstâncias por pessoas ou instituições. Trata-se de um enunciado
por "Princípio de Shirky" que pode formular-se como segue,
"algumas pessoas ou instituições tendem a alimentar os problemas para os
quais, em princípio, deveriam ser a solução".
Com um desempenho desta natureza
as pessoas ou instituições alimentam os problemas e, assim, a sua própria
existência e função pois poderia acontecer que se os problemas fossem
ultrapassados, essas pessoas ou instituições poderiam tornar-se dispensáveis.
Olhar à nossa volta e analisar o
funcionamento de muitos de nós ou de instituições que conhecemos à luz desta
ideia será certamente um exercício estimulante.
Anda, pois, bem o empregador que
procura alguém capaz de "analisar os problemas na óptica da sua resolução".
Provavelmente já lá terá gente demais a "assar e a desassar o bife".
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