Era uma vez um homem, ninguém sabia o seu
verdadeiro nome, chamavam-lhe o Iluminado. Em todas as circunstâncias, fosse
qual fosse o assunto em discussão, tinha a presunção de que a sua opinião era A
opinião, o seu saber, era o Saber, a sua forma de entender a vida era a única e
a mais correcta forma de a entender.
As pessoas tinham uma relação ambígua com o
Iluminado. Muitas, como sempre existem, achavam-no um génio, tão sabedor, tão
conhecedor, tão capaz de pensar sobre tudo e mais alguma coisa e tão assertivo
na maneira como defendia os seus pontos de vista.
Por outro lado, algumas pessoas achavam-no
insuportavelmente convencido, arrogante e sobre muitas coisas ignorante embora
procurasse que o seu discurso parecesse sempre informado.
Como o primeiro grupo era bastante mais numeroso,
o Iluminado foi-se tornando progressivamente mais conhecido até que muita gente
fazia questão de o ouvir sobre qualquer assunto. Falava em todas televisões,
escrevia em todos os jornais e muitas vezes, as pessoas já defendiam ideias
apenas com o argumento, “foi o Iluminado que disse”.
A sua presença começou a ser tão constante e tão
intensa que, a pouco e pouco, todos se convenceram que o Iluminado era
imprescindível para se pensar sobre a vida.
Apenas se mantinha o grupo que não ligava nem um bocadinho ao Iluminado, os miúdos. Eles sabem que ninguém sabe tudo e ainda não acreditam em Iluminados.
Apenas se mantinha o grupo que não ligava nem um bocadinho ao Iluminado, os miúdos. Eles sabem que ninguém sabe tudo e ainda não acreditam em Iluminados.
1 comentário:
Bendita a sabedoria infantil. Infelizmente andam por aí muitos iluminados. Mantenho a esperança das "suas lâmpadas" um dia se fundirem e que, da escuridão nasçam novas luzes. Por certo não tão iluminadas, mas bem mais interessantes... (pelo menos para a minoria que não gosta dos iluminados)
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