quinta-feira, 23 de maio de 2013

PONHAM-SE A ANDAR, SEMPRE FICAM UNS LUGARZINHOS PARA OS NOVOS

O Secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, Casanova de Almeida, afirmou que o Governo vai pedir que se acelere a apreciação dos pedidos de reforma já apresentados pelos professores o que “permitirá criar seis mil horários”. Conversa que, como é óbvio, não tem rigorosamente a ver com o pré-aviso de greve.
Esta afirmação vai no mesmo sentido da proferida por Nuno Crato em Março quando o Público noticiou "Crato espera nova vaga de aposentações para salvar professores dos horário zero" e o Ministro afirmava que se no próximo ano se reformarem uns milhares de professores, os que este ano estão sem trabalho terão lugar, estarão "safos" dizia eu, na altura.
A afirmação, além de um exemplo do que é programação rigorosa, "eles estão velhos e cansados talvez se reformem" foi de uma enorme elegância e simpatia. No fundo a mensagem era, os professores que estão a ser cortados, não porque não tenham trabalho, mas porque as políticas os tornam descartáveis, deverão pressionar os seus colegas mais velhos a porem-se a andar para terem lugar.
Agora percebe-se melhor, o Secretário de Estado clarificou a estratégia, criam-se as condições para que os mais velhos e caros, evidentemente, peçam para sair, muitas vezes com custos pessoais elevados, acelera-se a tramitação da reforma e arranjam-se uns empregos.
Não consigo entender estes discursos e políticas.
Se este entendimento faz escola lá virá, de novo, a ideia de sugerir a emigração para que os que cá fiquem tenham mais facilmente trabalho e se poupe ainda mais em subsídios de desemprego e apoios sociais e o Ministério da Solidariedade e da Segurança Social promoverá, discretamente já se vê, a partida dos velhos para poupar em reformas e pensões, acção a que o Ministério da Saúde dará uma ajuda cortando nos gastos do SNS.
É só ganhos.
O mundo está um lugar estranho.

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