O Secretário de Estado do Ensino e da
Administração Escolar, Casanova de Almeida, afirmou que o Governo vai
pedir que se acelere a apreciação dos pedidos de reforma já apresentados pelos
professores o que “permitirá criar seis mil horários”. Conversa que, como é óbvio, não tem rigorosamente a ver com o pré-aviso de greve.
Esta afirmação vai no mesmo sentido da proferida por
Nuno Crato em Março quando o Público noticiou "Crato espera nova vaga de
aposentações para salvar professores dos horário zero" e o Ministro
afirmava que se no próximo ano se reformarem uns milhares de professores, os
que este ano estão sem trabalho terão lugar, estarão "safos" dizia eu,
na altura.
A afirmação, além de um exemplo do que é
programação rigorosa, "eles estão velhos e cansados talvez se
reformem" foi de uma enorme elegância e simpatia. No fundo a mensagem era,
os professores que estão a ser cortados, não porque não tenham trabalho, mas
porque as políticas os tornam descartáveis, deverão pressionar os seus colegas
mais velhos a porem-se a andar para terem lugar.
Agora percebe-se melhor, o Secretário de Estado
clarificou a estratégia, criam-se as condições para que os mais velhos e caros,
evidentemente, peçam para sair, muitas vezes com custos pessoais elevados,
acelera-se a tramitação da reforma e arranjam-se uns empregos.
Não consigo entender estes discursos e políticas.
Se este entendimento faz escola lá virá, de novo,
a ideia de sugerir a emigração para que os que cá fiquem tenham mais facilmente
trabalho e se poupe ainda mais em subsídios de desemprego e apoios sociais e o Ministério da Solidariedade e da Segurança Social promoverá,
discretamente já se vê, a partida dos velhos para poupar em reformas e pensões,
acção a que o Ministério da Saúde dará uma ajuda cortando nos gastos do SNS.
É só ganhos.
O mundo está um lugar estranho.
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