Recorrentemente surgem notícias sobre as reacções ao
estabelecimento em várias instituições de um dressing code para funcionários ou
colaboradores. As discussões, nem sempre conclusivas, giram em torno do
equilíbrio entre direitos individuais e a razoabilidade e contornos de códigos
de conduta ou de vestuário.
No entanto, hoje tivemos conhecimento de uma notícia sobre
dressing code inesperada. Uma dependência bancária do Santander Totta na região
de Braga recusou atender ao balcão um empresário da sucata por não estar
vestido conforme, tinha vindo do seu trabalho e presumo, estava vestido com a
sua farda, a farda de sucateiro. É evidente que este conforme não se sabe a
quê, mas sabe-se que o gerente veio ao exterior entregar o montante do
levantamento que o “mal vestido” queria realizar e que o “mal vestido”
apresentou queixa às autoridades.
Como é costume o Banco já informou que vai averiguar o zelo
com que os responsáveis da agência protegeram a dimensão estética e ambiental
do espaço de trabalho. Talvez este zelo devesse estar presente quando um “bem
vestido” entra, não pela porta da agência, mas, por exemplo, pelo Conselho de
Administração e depois saca uns milhões com toda a limpeza e respeitando o
dressing code sem que nada aconteça. São conhecidos alguns exemplos.
Eu sei que este é um não assunto, que no meio do inferno em
que transformámos e transformaram a nossa vida, um episódio desta natureza
seria apenas mais um retrato da estupidez e da incompetência de alguma gente
que por aí anda, nada de mais e que estranhássemos muito.
No entanto, também é preciso notar e sublinhar que a discricionariedade,
arrogância e incompetência com que muitas vezes somos tratados em múltiplas circunstâncias,
obrigam a que reflictamos sobre episódios desta natureza e tomemos atitudes
como o sucateiro “mal vestido” de defesa dos direitos individuais, protestar.
3 comentários:
"Sei que pareço um ladrão, mas há muitos que conheço, que não parecendo que o são, são aquilo que pareço"
Jáfumega
Abraço
António Caroço
Peço desculpa pela correção...mas a poesia é de António Aleixo.
Tem toda a razão. O contacto que eu tenho com este verso é de uma música dessa mítica banda dos anos 80.
Abraço
António Caroço
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