Como muitas vezes como já aqui tenho escrito,
entendo que as necessidades de docentes do sistema educativo se trata de uma
questão complexa e com múltiplas variáveis. De entre essas variáveis
destacam-se algumas das consequências da PEC - Política Educativa em Curso,
designadamente a criação dos insustentáveis mega-agrupamentos e o aumento de
alunos por turma que, não servindo a qualidade da educação, reduzirá o número
de lugares de docentes. A este cenário acresce, naturalmente, as alterações na
demografia escolar que, aliás, são curiosamente, objecto de leituras diferentes.
Este quadro promove, naturalmente, um problema de
absorção de muitos docentes, já no sistema, e que passaram a "horários zero", bem como na estabilização dos que se mantêm contratados durante
anos por conta das eternas necessidades transitórias. Importa referir que, segundo
a Associação dos Professores Contratados existem cerca de 11 000 professores em
situação de contratados há mais e à volta de 1000 com mais de 18 anos nesta
inaceitável situação o que motiva a Associação a alertar Bruxelas para este
cenário que fere directivas europeias e para o qual o Provedor de Justiça
também já chamou a atenção sobre o seu enquadramento legal. Acontece que o MEC
apenas considera a possibilidade vincular mil destes docentes.
Conhecendo os territórios educativos do nosso
país, julgo que faria sentido que os recursos que já estão no sistema, pelo
menos esses e incluindo os contratados com muitos anos de experiência, fossem
aproveitados em trabalho de parceria pedagógica, que se permitisse a existência
em escolas mais problemáticas de menos alunos por turma ou ainda que se
utilizassem em dispositivos de apoio a alunos em dificuldades.
Os estudos e as boas práticas mostram que a
presença de dois professores na sala de aula são um excelente contributo para o
sucesso na aprendizagem e para a minimização de problemas de comportamento bem
como se conhece o efeito do apoio precoce às dificuldades dos alunos.
Sendo exactamente estes os dois problemas que
afectam os nossos alunos, talvez o investimento resultante da presença de dois
docentes ou de mais apoios aos alunos, compense os custos posteriores com o
insucesso, as medidas remediativas ou, no fim da linha, a exclusão, com todas
as consequências conhecidas.
É só fazer contas. E nisso o Ministro Nuno Crato
é especialista.
3 comentários:
Já defendi aqui este modelo como solução para muitos dos problemas educacionais de raiz de Portugal, e novamente me parece contextual:
http://dailycaller.com/2011/01/23/swedens-school-voucher-system-is-a-model-for-america/#ixzz1CZJeH7Hz
Se pesquisar no blogue já me referi algumas vezes ao modelo de voucher educativo da Suécia e que, curiosamente, não vejo ser defendido por cá com todas as suas implicações como, por exemplo, a OBRIGATORIEDADE das escolas aceitarem QUALQUER criança
Nem mais. Aliás, a noticia do dailycaller bem o refere.
"Under our system, every family has the right to choose a school that’s right for their child(...)But under our system, equal terms work both ways. If a school chooses to be part of the voucher system, it has to be all-inclusive, provide national standards and have its performance monitored."
Claro que isto assusta a quem tenta manter o status quo educativo. Uns meninos na escola (pública) de bem, que coincide a zonas residenciais de luxo, e à pressa faz-se uma outra escola (pública)para criar uma zona residencial para a "escumalha". Depois, os mesmos que querem manter o status quo e os seus meninos longe da "escumalha" atacam este modelo com a retórica habitual, das pobres escolas que fecham porque nenhum aluno foi para lá, dos professores que são despedidos, da competição e concorrência entre escolas que é algo horrível ninguém sabe muito bem porquê, tudo cheio de boas intenções e preocupações que na verdade não são mais do que as do seu próprio umbigo.
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