É com muita frequência que usamos, eu incluído, a expressão
o “elo mais fraco” quando nos referimos aos miúdos e às circunstâncias de vida
de muitos deles.
Um dia destes, numa roda de gente ligada de diferentes
formas aos universos dos miúdos e numa conversa a propósito de situações de
maus-tratos, alguém soltou o inevitável “são o elo mais fraco” e por aí
continuou a conversa.
No entanto, fiquei a pensar como muito provavelmente, embora
aparentem essa fragilidade que os identifica como o “elo mais fraco”, os
miúdos, muitos deles, serão seguramente o “elo mais forte”.
Quando reparamos nos tratos a que muitos miúdos são
submetidos em diferentes circunstâncias ou contextos, família, escola ou
instituições, e verificamos como, apesar de tudo, sobrevivem, percebemos que de
fracos não têm nada, antes pelo contrário, são de uma resistência e capacidade
de sobrevivência que, é minha convicção, alguns adultos não conseguiriam
demonstrar.
Na verdade, felizmente para eles, alguns miúdos em muitas
situações absolutamente intoleráveis, acabam mesmo por ser o elo mais forte.
Sorte a deles. É verdade que tragicamente alguns não aguentam mesmo, nem eles foram suficientemente fortes para resistir aos destratos que sofreram.
Por outro lado e apesar de tudo, tenho para mim que os miúdos são também o elo mais
forte que estabelecemos com o futuro. Ainda por isso devemos cuidar deles para
que não se lhes exija que demonstrem que são o elo mais forte. Ou não.
Sem comentários:
Enviar um comentário