Pode parecer estranho e peço desculpa aos que sentem a sua vida complicada, mas já tinha saudades de um dia assim, cabaneiro como aqui se fala, chuva pesada, vento que assobia no telheiro e um tempo mais frio, mas que ainda não pede lenha na salamandra. Parece que vai continuar assim mais alguns dias. Dá para pouca lida e num monte, como se costuma dizer, só não trabalhamos se não quisermos, há sempre que fazer. Faz-se quando o tempo levantar, na minha idade não temos pressa.
É bom que venha a água, a água é
a fonte de onde tudo vem.
Os velhos como eu gostam de dizer
“como antigamente”, conversa de velho, é claro. Mas a verdade é que a chuva já
não vem como antigamente, os homens e os modelos de desenvolvimento enviesados
por interesses outros mexeram, mexem, com a Terra que se sente e se zanga cada
vez com mais frequência. Acredito que ainda estamos a tempo de voltar aos
Invernos de antigamente, depende de nós e dos que vêm a seguir a nós.
É um tempo que convida a ler
coisas que estavam em lista de espera, a escrever algo não urgente, a ouvir
sons menos habituais, a arrumar o que aguardava oportunidade e, sobretudo, dá
disponibilidade.
São também assim, cabaneiros, os
dias do Alentejo.
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