quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

AS ARMAS PROIBIDAS

A recente tragédia numa escola dos EUA, apenas mais uma de uma longa lista, reabriu a discussão em torno da facilidade no acesso às armas que a cultura e a constituição protegem e promovem. Muito provavelmente, depois da poeira assentar, a situação continua sem alterações até o próximo episódio de violência a colocar de novo na agenda.
Embora, felizmente, nesta terra não exista um cenário legal e cultural da mesma natureza no que se refere ao acesso e uso de armas, não deixa de se verificar de uma forma razoavelmente generalizada o recurso a um arsenal bélico que deveria ser repensado.
Não pretendo fazer um discurso de natureza moralista ou um apelo à santidade bem comportada, mas, na verdade, o nível de destruição de algumas das armas usadas por cá obrigam-nos a desejar alguma contenção, quando não inibição na sua utilização. Vejamos alguns, poucos, exemplos.
Uma das mais usadas é a corrupção. Nesta gama existem vários tipos consoante a escala do alvo. Tem um poder de destruição fortíssimo ao nível dos valores e dos princípios éticos.
Uma outra arma cujo uso deveria ser combatido seriamente é o chamado "job for the boys", também conhecido por "aparelhismo" ou, de forma mais popular, por "cunha". É uma arma de grande efeito pois destrói a confiança na igualdade de oportunidades e no mérito.
Uma arma bastante sofisticada e de múltiplas aplicações sempre com grande impacto é a impunidade. E uma arma extremamente potente que afecta gente de todas as idades e de todas as condições.
Poderíamos certamente continuar a enumerar peças de um extenso arsenal bélico que importava controlar. Acontece, no entanto, que à semelhança dos EUA também por cá temos poderosos grupos de interesses que protegem, defendem e sustentam o uso indiscriminado destas armas pelo que a tarefa não será fácil apesar de se elevarem regularmente vozes nesse sentido.
Lá como cá, os episódios sucedem-se, mas o uso das armas proibidas mantém-se. 

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