A recente tragédia numa escola
dos EUA, apenas mais uma de uma longa lista, reabriu a discussão em torno da
facilidade no acesso às armas que a cultura e a constituição protegem e
promovem. Muito provavelmente, depois da poeira assentar, a situação continua sem
alterações até o próximo episódio de violência a colocar de novo na agenda.
Embora, felizmente, nesta terra
não exista um cenário legal e cultural da mesma natureza no que se refere ao
acesso e uso de armas, não deixa de se verificar de uma forma razoavelmente
generalizada o recurso a um arsenal bélico que deveria ser repensado.
Não pretendo fazer um discurso de
natureza moralista ou um apelo à santidade bem comportada, mas, na verdade, o
nível de destruição de algumas das armas usadas por cá obrigam-nos a desejar
alguma contenção, quando não inibição na sua utilização. Vejamos alguns,
poucos, exemplos.
Uma das mais usadas é a
corrupção. Nesta gama existem vários tipos consoante a escala do alvo. Tem um
poder de destruição fortíssimo ao nível dos valores e dos princípios éticos.
Uma outra arma cujo uso deveria
ser combatido seriamente é o chamado "job for the boys", também
conhecido por "aparelhismo" ou, de forma mais popular, por
"cunha". É uma arma de grande efeito pois destrói a confiança na
igualdade de oportunidades e no mérito.
Uma arma bastante sofisticada e
de múltiplas aplicações sempre com grande impacto é a impunidade. E uma arma
extremamente potente que afecta gente de todas as idades e de todas as
condições.
Poderíamos certamente continuar a
enumerar peças de um extenso arsenal bélico que importava controlar. Acontece,
no entanto, que à semelhança dos EUA também por cá temos poderosos grupos de
interesses que protegem, defendem e sustentam o uso indiscriminado destas armas
pelo que a tarefa não será fácil apesar de se elevarem regularmente vozes nesse
sentido.
Lá como cá, os episódios
sucedem-se, mas o uso das armas proibidas mantém-se.
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