terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O GOVERNO, A IGREJA E OS MOMENTOS

D. Manuel Martins, bispo emérito de Setúbal, afirma em entrevista ao JN que o Governo não está à altura do momento, considerando também que a Igreja está "atrasada" e não presta atenção às "transformações do mundo".
Na verdade, D. Manuel Martins tem razão, o Governo, por não estar à altura do momento tem vindo empenhadamente a arrasá-lo, já quase não há momento. Tudo ficará da mesma altura, o Governo e o momento.
Quanto à posição da Igreja que D. Manuel Martins também considera estar atrasada face aos momentos, recordo-me do conhecido enunciado "no entanto ela move-se". Ao que a história ou a lenda rezam, no séc. XVII Galileu Galilei reagiu com esta mítica afirmação à sua condenação no Tribunal do Santo Ofício pela defesa do modelo heliocêntrico, a Terra move-se em volta do Sol.
Do meu ponto de vista, a reconhecida perda da influência da Igreja Católica, sobretudo nos países mais desenvolvidos, deve-se também ao seu imobilismo, à forma conservadora como não reage às óbvias mudanças sociais, políticas, económicas e culturais sustentando um progressivo afastamento da vida das pessoas, como reconhece D. Manuel Martins.
Um dia, talvez a instituição Igreja aceite e perceba a necessidade de mudança no discurso sobre a anti-concepção, o casamento, o celibato dos padres, a abertura do sacerdócio às mulheres, a ostentação visível em parte da hierarquia da igreja, etc.
Eppur si muove.

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