Dados hoje conhecidos com origem na ONU, referem
o aumento do tráfico de pessoas sendo que 27 % das vítimas são crianças. Como é
evidente, este tráfico alimenta diferentes formas de escravatura mais ou menos
encapotadas.
Este cenário, o tráfico de pessoas e a escravatura,
tal como a fome, é das matérias que maior embaraço pode causar em sociedades
actuais, deveria ser algo de improvável no séc. XXI em sociedades
desenvolvidas.
A escravatura parece algo “fora do tempo” e de
impossível existência nos nossos países. Mas existe e é sério o problema que,
como não podia deixar de ser, atinge os mais vulneráveis, como as crianças.
Este negócio, o tráfico de pessoas, um dos mais
florescentes e rentáveis em termos mundiais, alimenta-se da vulnerabilidade
social, da pobreza e da exclusão o que, como sempre, recoloca a imperiosa
necessidade de repensar modelos de desenvolvimento económico que promovam, de
facto, o combate à pobreza e, caso evidente em Portugal, às escandalosas
assimetrias na distribuição da riqueza.
Estes tempos, marcados por competição, diminuição
de direitos e apoios sociais, pressão sobre a produtividade tudo isto submetido
a um deus mercado que não tem alma, não tem ética e é amoral, podem alimentar
algumas formas de escravatura mais "leves" ou, sobretudo em casos de
particular fragilidade dos envolvidos, volto a citar o caso dos miúdos,
bastante pesadas.
As pessoas, muitas pessoas, apenas possuem como bem,
a sua própria pessoa e o mercado aproveita tudo, por isso, compra e vende as
pessoas dando-lhe a utilidade que as circunstâncias, a idade, e as necessidades
de "consumo" exigirem.
O que parece ainda mais inquietante é o manto de
silêncio e negligência, quando não cumplicidade, que frequentemente cai sobre
este drama tornando transparentes as situações de escravatura, não se vêem, não
se querem ver. Neste universo não conseguimos ouvir o coro dos escravos, não
têm voz.
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