Aqui há dias, numa roda de família falava-se de
como nos tempos de mais miúdos acreditávamos, e até que idade, no Pai Natal.
Aliás, faz parte da agenda desta época o surgimento de algumas peças na
comunicação social sobre as crenças das crianças no Pai Natal.
Nesses trabalhos é frequente ouvirmos as crianças
afirmar convictamente a sua crença no Pai Natal. É verdade, os miúdos acreditam
no Pai Natal. Eu sei porque já fui Pai Natal. Nunca percebi muito bem porquê,
mas desempenhei várias vezes a função, se calhar a escolha deveu-se à
proeminente mochila que carrego à frente e às barbas brancas que de há muito me
acompanham.
Não pensem que é uma tarefa fácil, não é não
senhor. Passar umas horas dentro de um fato quentíssimo com umas barbas ainda
mais quentes que insistem em deixar a boca cheia de pêlos não é muito
simpático. Mas os miúdos acreditam no Pai Natal e isso ajuda a aliviar o
desconforto. Felizmente ainda não tinha sido inventada a moda do Pai Natal
trepador de varandas, então desistiria mesmo.
Numa das vezes, há já muitos anos, cena de que
ainda possuo uma memória perfeita, lembro-me do ar aflito e preocupado de um
gaiato que insistiu o tempo todo junto de mim para que não me esquecesse do que
queria como presente, Moto Ratos, umas personagens de banda desenhada em voga
na altura. E o miúdo, sempre que me lembrava os Moto Ratos, explicava-me com os
olhos muito abertos como se ia para casa dele para eu não me enganar no
caminho. Confirmei depois que ele recebeu os desejados Moto Ratos, claro, o Pai
Natal cumpre.
Deve ser bom acreditar no Pai Natal. Aliás, deve
ser bom acreditar.
Eu já não acredito.
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