Uma das referências mais presentes na comunicação
social ontem hoje é a informação de que o Governo irá apresentar à Troika uma
proposta de aumento do salário mínimo nacional.
Apesar desta nota ser certamente disparatada e
romântica, terão a generosidade de a desculpar, acho impossível ler isto sem um
sobressalto. O Governo de um país soberano vai fazer uma proposta a um grupo de
burocratas estrangeiros para saber se será “autorizado” a aumentar o salário
mínimo nacional, sublinho, nacional. É a entrega da soberania aos feitores. Vai
na linha do que tem sido a política governativa mas continua a causar-me um
profundo desconforto.
É verdade que estamos a vender a grupos
económicos estrangeiros, creio que a preços convidativos, muitas das empresas
estratégicas e essenciais em políticas soberanas. Os exemplos são múltiplos e
estão vários negócios em curso como a RTP, ANA e TAP, só a título de exemplo.
Este processo vai alienando tudo o que representa a sua soberania, entregando
algumas empresas que são representativas e úteis aos interesses nacionais, não
é por acaso que se designam por empresas de “bandeira”, a um mercado voraz e
que se instala comendo a carne e deixando os ossos, é um caminho que inquieta.
Sabemos todos que o dinheiro não tem pátria, o
mercado não tem alma nem ética e que o resto, o resto … é a economia, estúpido.
Neste quadro, ouvir o Governo afirmar que vai
pedir autorização à Troika para aumentar o salário mínimo e que duvida dessa
autorização é assumir com toda a clareza e tranquilidade este caminho que nos
tem levado da soberania sobre o que era nosso e sobre as decisões que nos
respeitam à feitoria sobre o que passa a não ser nosso exercida por um conjunto
de feitores sem mandato para tal função.
Na verdade, “a soberania é uma treta” como
afirmava em entrevista ao I no início de Setembro passado, Miguel Beleza, um
dos muitos e iluminados economistas que peroram sobre a nossa desgraça.
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