O Governo vê nesta alteração algo de extraordinariamente
positivo, é uma prova de eficiência, sempre a eficiência.
Acontece que como Governo, Nuno Crato em particular, sabem
muito bem este rácio é uma habilidade administrativa que não funciona no
contexto real dos territórios educativos portugueses.
O rácio alunos por professor alimenta a tese dos “professores
a mais” tão cara ao MEC e a algumas vozes com agenda própria mas importa, por
exemplo, conhecer a dimensão das turmas nas escolas reais e, sobretudo, nas
escolas implantadas em territórios educativos com maior dificuldade.
Não é aceitável considerar apenas o número total de professores
e o número de alunos estabelecendo um rácio pois o modelo de organização e
funcionamento das escolas e agrupamentos atribui aos professores imensas
funções não lectivas e, por outro lado, o rácio é um indicador enganador na
medida em que especificidades dos contextos impõem outro tipo de problemas.
Sabemos ainda que escolas que servem territórios educativos mais complicados
são, com frequência as que têm maior número de alunos por turma
Não é, certamente, por acaso que a OCDE tem vindo a alertar
para os riscos do aumento do número de alunos por turma nas escolas
portuguesas.
Quanto maior é a nau maior é a tormenta.
Mas na visão do MEC e do Governo quanto menos professores
mais eficiência. À luz deste entendimento surpreende.me que Nuno Crato ainda não
se tenha lembrado de promover o funcionamento da escolaridade obrigatória em sistema de
e-learning. Seria suficiente meia dúzia de professores por área disciplinar,
mais uns mediadores por escola, poucos, só para os alunos bons, os que atrapalham
vão saindo das salas de aula.
Teríamos o sistema perfeito, certamente mais eficiente, certamente
mais barato, certamente mais tranquilo.
Sem comentários:
Enviar um comentário