segunda-feira, 13 de abril de 2015

APRENDER DUAS LÍNGUAS

A constatação não é nova e existem estudos em Portugal que apontam no mesmo sentido, realizados por exemplo, na Universidade do Minho.
Curiosamente, sempre foram defendidas as vantagens da aprendizagem de mais do que uma língua para as crianças de meios mais favorecidos, por assim dizer, mas, coisa bizarra, afinal parece ser bom para todas as crianças.
No entanto, esta constatação pode não ser suficiente para desmontar um dos mais enraizados equívocos instalados na nossa cultura escolar, o de que crianças que se confrontam com duas línguas estão “condenadas” a sentir dificuldades de aprendizagem.
Como é evidente, já aqui o referi, algumas pessoas que genuinamente assumem este entendimento, são as mesmas que proporcionam aos seus filhos pequenos a aprendizagem, por exemplo, do inglês, e não entendem que isso lhes provoque dificuldades na aprendizagem, antes pelo contrário, é benéfico como os estudos comprovam e para todas as crianças.
A razão deste equívoco remete para a representação sobre a segunda língua envolvida, ou seja, se para além do português as crianças estiverem a aprender, inglês, alemão, espanhol ou francês, por exemplo, isto é benéfico. No entanto se estiverem a aprender português e crioulo vão, com toda certeza, sentir dificuldades escolares. Dito de outra maneira é o estatuto atribuído às línguas envolvidas que determina a natureza da apreciação sobre os resultados esperados.
Seria desejável que os dados conhecidos pudessem contribuir para contrariar a representação instalada, mesmo entre professores, de que crianças que lidam diariamente com o português e com outra língua, crioulo, por exemplo, estão condenadas a sentir dificuldades ou mesmo ao fracasso.
Não estão e não é um problema, pode ser uma vantagem se a soubermos, quisermos e conseguirmos aproveitar.

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