A constatação não é nova e
existem estudos em Portugal que apontam no mesmo sentido, realizados por
exemplo, na Universidade do Minho.
Curiosamente, sempre foram defendidas
as vantagens da aprendizagem de mais do que uma língua para as crianças de meios mais
favorecidos, por assim dizer, mas, coisa bizarra, afinal parece ser bom para
todas as crianças.
No entanto, esta constatação pode
não ser suficiente para desmontar um dos mais enraizados equívocos instalados
na nossa cultura escolar, o de que crianças que se confrontam com duas línguas
estão “condenadas” a sentir dificuldades de aprendizagem.
Como é evidente, já aqui o
referi, algumas pessoas que genuinamente assumem este entendimento, são as
mesmas que proporcionam aos seus filhos pequenos a aprendizagem, por exemplo,
do inglês, e não entendem que isso lhes provoque dificuldades na aprendizagem,
antes pelo contrário, é benéfico como os estudos comprovam e para todas as crianças.
A razão deste equívoco remete para
a representação sobre a segunda língua envolvida, ou seja, se para além do
português as crianças estiverem a aprender, inglês, alemão, espanhol ou
francês, por exemplo, isto é benéfico. No entanto se estiverem a aprender
português e crioulo vão, com toda certeza, sentir dificuldades escolares. Dito
de outra maneira é o estatuto atribuído às línguas envolvidas que determina a
natureza da apreciação sobre os resultados esperados.
Seria desejável que os dados
conhecidos pudessem contribuir para contrariar a representação instalada, mesmo
entre professores, de que crianças que lidam diariamente com o português e com outra
língua, crioulo, por exemplo, estão condenadas a sentir dificuldades ou mesmo
ao fracasso.
Não estão e não é um problema,
pode ser uma vantagem se a soubermos, quisermos e conseguirmos aproveitar.
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