Não querendo lançar qualquer
sombra de dúvida sobre a genuinidade da intenção dos promotores e instituições
envolvidas, da sua preocupação com o universo das pessoas com deficiência ou até do aspecto positivo que a visibilidade possa ter,
este tipo de iniciativas sempre me deixa algo embaraçado.
Na verdade, tenho alguma
dificuldade em entender porque razão produções artísticas realizadas por
pessoas com deficiência deverão ter um circuito próprio de exposição e venda a
não ser pelo próprio funcionamento de um mercado altamente competitivo e difícil.
No entanto, esta situação afecta todos os autores. Vejamos.
Ou as produções têm a qualidade
suficiente para que possam entrar no circuito comercial e sendo assim deveriam
ser divulgadas e comercializadas nos espaços onde a generalidade dos artistas
expõe e vende mesmo que na sua produção se verificasse um conjunto de apoios
que a sua condição solicita.
Ou, por outro lado, as produções
das pessoas com deficiência não têm qualidade artística pelo que não podem
entrar os espaços de divulgação e comercialização de arte e a sua compra ou
venda é uma forma de contribuição social que aquieta as nossas consciências.
Insisto em algo que para mim é
incontornável. O critério essencial de inclusão é a participação nas
actividades comuns da comunidade, não ao lado da comunidade. Não, não é uma utopia, ter as pessoas da comunidade envolvidas na comunidade é a coisa mais prática que existe. Assim queiramos e sejamos capazes de fazer acontecer esta coisa simples.
É verdade, sei e não esqueço os inúmeros
obstáculos a este entendimento mas o caminho faz-se caminhando e insistindo.
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