Dados do EUROSTAT hoje divulgados
mostram que Portugal é o quarto país com mais alta taxa de
abandono escolar precoce.
Em 2014 registámos 17,4%. Deve,
apesar de tudo, salientar-se que face a 2006 recuperámos significativamente
pois verificava-se uma taxa de 38.5%.
Embora o salto seja importante
algumas notas breves.
Os estudos comparativos
internacionais têm vindo a registar os progressos dos alunos portugueses. No
entanto de 2009 para 2012 a situação inverteu-se. Acontece ainda que temos um
número de alunos retidos em cada ano que é impressionante, Portugal é o
terceiro país da União Europeia com maiores percentagens de chumbos, 34.3% dos
alunos em 2012 tinham reprovado pelo menos um ano, abaixo da Bélgica e do
Luxemburgo com 36,1% e 34,5%, respectivamente.
De 2011 para cá, depois de um
período de melhoria de resultados, os níveis de retenção voltaram a agravar-se
em todos os anos de escolaridade. Em média chumbam por ano cerca de 150 000
alunos dos ensinos básico e secundário.
Como é reconhecido e sem surpresa
os alunos com insucesso escolar são os que maior risco correm de abandono
escolar precoce.
Nesta conformidade e como sempre
afirmamos a questão central não discutir
a retenção mas disponibilizar apoios a alunos e professores que minimizem a retenção
e o posterior abando escolar sem qualificação e o óbvio risco de exclusão
social.
O dado mais preocupante é que a
política do MEC caminha em sentido errado, corte nos apoios
educativos e recursos humanos, docentes e técnicos, aumento do número de alunos
por turma, um currículo prescritivo, extenso e desadequado, hipotecado às metas
curriculares excessivas e inoperacionais e à examocracia cujos efeitos foram sublinhados pela recente
recomendação do CNE e frequentemente objecto de avaliação negativa pela OCDE.
O MEC procurando compor as
estatísticas do abandono estrutura à pressa, sem avaliação e ao arrepio, mais
uma vez, das orientações da OCDE, um ensino vocacional para onde são "empurrados"
sobretudo os alunos que "chumbam" logo partir dos 13 anos.
A persistir nesta política
poderemos continuar a assistir à diminuição do abandono mas sem que a tal
cenário uma efectiva melhoria no sucesso e na qualidade da educação em Portugal.
No entanto este procedimento do
MEC é coerente com as políticas do Governo ao incentivar estágios e mais
estágios, formação profissional ficcionada, e ocupação de desempregados visando a baixa da taxa de desemprego sem que isso signifique, de facto, criação
de emprego.
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