"PSP põe mais 100 agentes nas ruas de Lisboa por causa do “relaxe dos turistas”"
"Câmara de Lisboa pede ajuda aos comerciantes para travar carteiristas"
Ao que o Relatório de Segurança Interna afirma a actividade
dos carteiristas subiu exponencialmente em Lisboa. Tal facto leva a aumentar os
efectivos policiais e a promover programas de prevenção envolvendo,
designadamente, os comerciantes.
Não me surpreende este aumento da produtividade dos
carteiristas. A subida do seu nível de produtividade é coerente com o aumento
de produtividade de uma outra actividade, o carteirismo fiscal.
Como é sabido e sofrido enfrentamos umas das maiores cargas
fiscais da Europa. Estamos perante uma espécie de carteirismo fiscal com
resultados mais significativos, obviamente. Para utilizar a terminologia do
mundo dos pequenos carteiristas, a todo o momento e circunstância, alguém está
meter os dedinhos, os "baios" nas nossas carteiras, as
"chatas", num verdadeiro assalto fiscal e legal.
No entanto, a linguagem deste carteirismo fiscal é também
diferente e bem menos interessante que a dos pilha galinhas carteiristas, usa
termos como, sacrifícios, défice, austeridade, recuperação, ajustamento,
recessão, impostos, restrição orçamental, cortes, despesa, rigor, exigência,
troika, etc., etc.
Uma outra diferença para o mundo artesanal dos carteiristas
de rua e dos transportes públicos é ao nível da escala e dos recursos, o
carteirismo fiscal trabalha com modelos bem mais actuais e com recursos
bastante mais sofisticados. Tudo se transforma e como se sabe as actividades
artesanais estão em desaparecimento e a atrair menos pessoas, são pouco
rentáveis apesar de alguns ainda se dedicarem empenhadamente ao trabalho que
tem uma dimensão de sazonalidade.
O carteirismo fiscal ou de outra natureza mas a uma escala
maior, é na verdade muito mais rentável permitindo ainda ganhos colaterais,
sempre do lado certo da lei mas nem sempre do lado certo da ética ou da moral.
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