quinta-feira, 18 de abril de 2013

A NÓDOA

Uma vez, há muito tempo numa terra, uma nódoa caiu num pano. O pano era dos bons pois, como sabem, é no melhor pano que cai a nódoa. Só que a nódoa também era das boas e rapidamente se percebeu que era resistente, vinha para ficar.
Dos muitos e diversificados produtos e procedimentos que foram utilizados, nada removeu a nódoa, continuou viva, brilhante e desafiadora. As pessoas começaram a ficar verdadeiramente curiosas com aquela nódoa.
Os cientistas realizaram aturadas investigações, sempre infrutíferas, nada conseguia eliminar a nódoa que, entretanto, se multiplicava.
Os criativos, na ideia de que “se não podes vencê-los, junta-te a eles”, viram uma janela de oportunidade e começaram a produzir peças e materiais com nódoas, ou seja, a nódoa virou moda. Como não podia deixar de ser, os mais abastados tinham mais nódoas, os mais pequenos começaram desde cedo a pedir nódoas aos pais e começaram os primeiros roubos de nódoas.
A classe política, como de costume, rapidamente se apropriou da nódoa, isto é, reclamou para si a ideia e origem da nódoa, bem como dos destinos da nódoa.
Sempre que se realizavam eleições todos prometiam mais e melhores nódoas. Com o tempo, as nódoas foram-se dispersando e chegando a cada vez mais gente e cada vez mais terras, até se desenvolveram alguns conflitos por causa das nódoas.
Assim se criou um mundo cheio de nódoas que todos conhecemos.

2 comentários:

não sei quem sou... disse...

As nódoas mais resistentes são as nódoas políticas. E a forma mais eficaz (para mim a única) de as eliminar é armarmo-nos de uma tesoura e cortar a mesma pela orla com a esperança de não ficar ramificações. Neste caso concreto a minha opinião refere-se a este País que o Sr. Professor denomina Portugal dos Pequeninos e da qual estou de perfeitíssimo acordo.

Durante 48 anos o Povo foi Vítima da ditadura do Estado Novo.No dia 26 de Abril de 1974 adormeceu e presentemente está em estado de catérese


VIVA!

Cláudia Anjos Lopes disse...

Parabéns pelo texto. Adorei.