Para o próximo concurso, espécie de concurso melhor dizendo, de professores, com base no
levantamento realizado pelos directores e, obviamente, de acordo com as
orientações do MEC, existirão cerca de 12 000 professores excedentários.
Acresce que de 2011 para 2012 foram contratados menos 10 000 professores, No total
estes números são muito significativos das alterações produzidas pela PEC –
Política Educativa em Curso e que justamente parecem o seu verdadeiro desígnio, a
diminuição de professores no sistema.
Muito provavelmente é por aqui que desenrola a
anunciada estratégia de implosão do Ministério que Nuno Crato enunciou e na
verdade pode ser um caminho, sem professores o Ministério implode.
O Ministério tem vindo a sustentar o número de
vagas definido com “a actual conjuntura económica e financeira” pelo que
promove “a empregabilidade possível”, sendo que as “vagas colocadas a concurso
foram definidas em função das necessidades reais e futuras do sistema”.
Como já tenho referido, parece-me claro que a
questão do número de professores necessário ao funcionamento do sistema é uma
matéria bastante complexa que, por isso mesmo, exige serenidade, seriedade,
rigor e competência na sua análise e gestão, exactamente tudo o que tem faltado
nesta matéria, incluindo a alguns discursos de representantes dos professores.
Para além da questão da demografia escolar que,
aliás, o MEC tratou de forma incompetente e demagógica, importa não esquecer
que existem muitos professores deslocados de funções docentes, boa parte em
funções técnicas e administrativas que em muitos casos seriam dispensáveis pois
fazem parte de estruturas do Ministério pesadas, burocráticas e ineficazes.
Por outro lado, os modelos de organização e
funcionamento das escolas, com uma série infindável de estruturas intermédias e
com um excesso insuportável de burocratização, retiram muitas horas docentes ao
trabalho dos professores que estão nas escolas.
No entanto e do meu ponto de vista, o “excesso”
de professores no sistema e sem trabalho deve ser também analisado à luz das
medidas da PEC – Política Educativa em Curso. Vejamos alguns exemplos.
Em primeiro lugar, a mudança no número de
professores necessário decorre do aumento do número de alunos por turma que,
conjugado com a constituição de mega-agrupamentos e agrupamentos leva que em
muitas escolas as turmas funcionem com o número máximo de alunos permitido e,
evidentemente, com a as implicações negativas que daí decorrem.
As mudanças curriculares com a eliminação das
áreas não curriculares que, carecendo de alterações registe-se, também produzem
um desejado e significativo “corte” no número de professores, a que acrescem
outras alterações no mesmo sentido.
O Ministro “esquece-se” obviamente destes
“pormenores”, apenas se refere à demografia e aos recursos disponíveis para,
afirma, definir as necessidades do sistema.
Este conjunto de medidas, além de outras, sairão,
gostava de me enganar, muito mais caras do que aquilo que o MEC poupará na
diminuição do número de docentes, que ficarão no desemprego, muitos deles tendo
servido o sistema durante anos.
Ficarão sem trabalhar, não porque sejam
incompetentes, a maioria não o é, não porque não sejam necessários, a maioria
é, mas “apenas” porque é preciso cortar, custe o que custar.
PS - Ao que parece, para além dos equívocos de que falei a propósito do número de professores, segundo alguns directores escolares as necessidades que enviaram para o MEC não correspondem aos dados divulgados para efeitos de concurso que, por sua vez, parecem decalcados de "contas" do MEC divulgadas em Janeiro "sugerindo" que as necessidades do sistema já estavam definidas antes da consulta aos directores. A justificação do MEC é um exemplo do despudor e da falta de seriedade desta equipa, ou seja, define as vagas positivas e apenas considera a opinião dos directores para as vagas negativas.
Conhecendo os territórios educativos do nosso
país, julgo que faria sentido que os recursos que já estão no sistema, pelo
menos esses e incluindo os contratados com muitos anos de experiência, fossem
aproveitados em trabalho de parceria pedagógica, que se permitisse a existência
em escolas mais problemáticas de menos alunos por turma ou ainda que se
utilizassem em dispositivos de apoio a alunos em dificuldades.
Os estudos e as boas práticas mostram que a
presença de dois professores na sala de aula são um excelente contributo para o
sucesso na aprendizagem e para a minimização de problemas de comportamento bem
como se conhece o efeito do apoio precoce às dificuldades dos alunos.
Sendo exactamente estes os dois problemas que
afectam os nossos alunos, talvez o investimento resultante da presença de dois
docentes ou de mais apoios aos alunos, compense os custos posteriores com o
insucesso, as medidas remediativas ou, no fim da linha, a exclusão, com todas
as consequências conhecidas.
É só fazer contas. E nisso o Ministro Nuno Crato é especialista.PS - Ao que parece, para além dos equívocos de que falei a propósito do número de professores, segundo alguns directores escolares as necessidades que enviaram para o MEC não correspondem aos dados divulgados para efeitos de concurso que, por sua vez, parecem decalcados de "contas" do MEC divulgadas em Janeiro "sugerindo" que as necessidades do sistema já estavam definidas antes da consulta aos directores. A justificação do MEC é um exemplo do despudor e da falta de seriedade desta equipa, ou seja, define as vagas positivas e apenas considera a opinião dos directores para as vagas negativas.
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