O mundo anda um lugar estranho.
"O país está ser destruído",
"não se consegue refazer um país a partir das cinzas" são apreciações
sobre a situação portuguesa produzidas por Manuela Ferreira Leite, como é
sabido uma perigosa militante de esquerda, inimiga de economias abertas,
defensora da estatização de toda a economia.
Afirmando-se uma convicta social-democrata
e, portanto, defensora das pessoas, declara ainda que "Fiquei perplexa por
não verem isto (decisão do TC) como uma oportunidade, mas como uma
contrariedade. (…) Vão insistir na austeridade. (…) Não estamos a chegar a
ponto nenhum”, acrescentando que o país está a entrar “numa fase de privação,
abaixo da pobreza, em que as pessoas já não se conseguem alimentar”.
Este é o resultado de uma
persistência cega e surda no “custe o que custar", no cumprimento dos
objectivos do negócio com a troika e dos objectivos de uma política "over
troika", atingindo claramente o limite do suportável e afectando gravemente
as condições de vida de milhões. Estamos a falar de pessoas, não de políticas,
ou melhor estamos a falar do efeito das políticas na vida das pessoas.
Creio que já ninguém consegue
sustentar que este trajecto nos possa levar a bom porto, está à vista o quanto
é insustentável a insistência neste caminho e no apregoar de que existe
equidade na repartição dos sacrifícios, entendimento que, creio, ninguém na
sociedade portuguesa consegue honestamente sustentar, nem mesmo os que têm a
mesma filiação partidária do Governo mas que não se demitem de pensar
autonomamente e nas pessoas.
Na verdade, o caminho decidido, por
escolha de quem o faz, é bom registar que existem alternativas, está a aumentar
assimetrias sociais e obviamente a produzir mais exclusão e pobreza mas,
insisto, mais preocupante é a insensibilidade da persistência neste caminho.
Precisamos de coragem e visão sem
subserviência ao ditado dos mercados e dos seus agentes para definir modelos
económicos, sociais e políticos destinados a pessoas e não a mercados ou a
grupos minoritários de interesses mesmo que mascarados em malditos planos de
"ajustamento", de "resgate" ou ainda e de forma ofensiva de
"ajuda".
Existem vários exemplos de países
que impuseram limites às exigências dos donos do mercado e que não executaram
tudo o que lhes estava a ser exigido, Chipre é um dos exemplos mais recentes.
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