quinta-feira, 11 de abril de 2013

NÃO SE CONSEGUE REFAZER UM PAÍS A PARTIR DAS CINZAS

O mundo anda um lugar estranho.
"O país está ser destruído", "não se consegue refazer um país a partir das cinzas" são apreciações sobre a situação portuguesa produzidas por Manuela Ferreira Leite, como é sabido uma perigosa militante de esquerda, inimiga de economias abertas, defensora da estatização de toda a economia.
Afirmando-se uma convicta social-democrata e, portanto, defensora das pessoas, declara ainda que "Fiquei perplexa por não verem isto (decisão do TC) como uma oportunidade, mas como uma contrariedade. (…) Vão insistir na austeridade. (…) Não estamos a chegar a ponto nenhum”, acrescentando que o país está a entrar “numa fase de privação, abaixo da pobreza, em que as pessoas já não se conseguem alimentar”.
Este é o resultado de uma persistência cega e surda no “custe o que custar", no cumprimento dos objectivos do negócio com a troika e dos objectivos de uma política "over troika", atingindo claramente o limite do suportável e afectando gravemente as condições de vida de milhões. Estamos a falar de pessoas, não de políticas, ou melhor estamos a falar do efeito das políticas na vida das pessoas.
Creio que já ninguém consegue sustentar que este trajecto nos possa levar a bom porto, está à vista o quanto é insustentável a insistência neste caminho e no apregoar de que existe equidade na repartição dos sacrifícios, entendimento que, creio, ninguém na sociedade portuguesa consegue honestamente sustentar, nem mesmo os que têm a mesma filiação partidária do Governo mas que não se demitem de pensar autonomamente e nas pessoas.
Na verdade, o caminho decidido, por escolha de quem o faz, é bom registar que existem alternativas, está a aumentar assimetrias sociais e obviamente a produzir mais exclusão e pobreza mas, insisto, mais preocupante é a insensibilidade da persistência neste caminho.
Precisamos de coragem e visão sem subserviência ao ditado dos mercados e dos seus agentes para definir modelos económicos, sociais e políticos destinados a pessoas e não a mercados ou a grupos minoritários de interesses mesmo que mascarados em malditos planos de "ajustamento", de "resgate" ou ainda e de forma ofensiva de "ajuda".
Existem vários exemplos de países que impuseram limites às exigências dos donos do mercado e que não executaram tudo o que lhes estava a ser exigido, Chipre é um dos exemplos mais recentes. 

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