O Conselho Nacional de Educação divulgou o
relatório "O Estado da Educação" sobre o qual deixo algumas notas
telegráficas.
Em primeiro lugar é importante registar os progressos realizados no
contexto dos sistema educativo português.
No entanto, apesar dos ganhos já conseguidos, como dados do Eurostat também confirmam e que devem ser saudados ainda se verifica uma taxa de abandono escolar significativa e longe de podermos atingir a meta estabelecida no quadro da UE, 10 % em 2020. De notar também a assimetria nos resultados escolares que sugerem a necessidade de identificar e estudar as variáveis contextuais associadas ao sucesso ou ao insucesso nas diferentes escolas das diferentes regiões, de forma a que, numa perspectiva de autonomia, as comunidades possam potenciar o trabalho que desenvolvem e contar com os recursos necessários.
No entanto, apesar dos ganhos já conseguidos, como dados do Eurostat também confirmam e que devem ser saudados ainda se verifica uma taxa de abandono escolar significativa e longe de podermos atingir a meta estabelecida no quadro da UE, 10 % em 2020. De notar também a assimetria nos resultados escolares que sugerem a necessidade de identificar e estudar as variáveis contextuais associadas ao sucesso ou ao insucesso nas diferentes escolas das diferentes regiões, de forma a que, numa perspectiva de autonomia, as comunidades possam potenciar o trabalho que desenvolvem e contar com os recursos necessários.
Um outro dado que muitas vezes aqui tenho
referido é a excessiva utilização do "chumbo" sem que daí advenham
ganhos de qualidade como, aliás, a experiência e os estudos mostram com clareza.
A preocupação aumenta com a obsessão revelada pelo MEC com os exames como se estes
constituíssem só por si uma poção mágica para a melhoria. Esta melhoria está
mais ligada à disponibilização de apoios qualificados e em tempo útil para alunos
e professores e a condições de funcionamento das escolas facilitadoras do
sucesso. A questão é que a actual PEC - Política Educativa em Curso traduzida,
por exemplo, nos mega-agrupamentos, na redução de professores, no aumento do
número de alunos por turma, na ausência de uma reforma curricular que seja mais
do que uma forma de diminuir as necessidades de professores, do estabelecimento
de metas de aprendizagem de uma forma incompreensível e desajustada, demasiado
extensa, burocratizada e inimiga do trabalho dos professores e dos alunos, etc.,
etc. não parece criar o contexto ideal de promoção da qualidade.
Esta matéria prende-se com uma última nota sobre
o relatório do CNE e que constitui, aliás, com a maior preocupação expressa, o
desinvestimento na educação. Sabemos todos que o investimento em educação não
pode ser olhado apenas em termos aritméticos, ou seja, só por se injectar mais
dinheiro o sistema melhora. Há muitos anos que se percebeu que os modelos
input-output não funcionam de forma linear. No entanto, os estudos também
demonstram que os investimentos criteriosos e avaliados na educação têm um
retorno seguro na sociedades em termos de crescimento e desenvolvimento
económico.
Aliás, recordo que em 2012 se realizou em Doha no
Qatar a WISE – World Innovation Summit for Education. Na altura, os especialistas
participantes definiram como eixos centrais, investimento em educação mesmo em
tempos recessivos, a importância da qualificação, incentivos e apoios aos
professores e a relação dos percursos educativos com o mercado de trabalho.
Se atentarmos na evolução dos investimentos
verificamos com preocupação que estamos ao nível de 2001 sendo que, na actual
conjuntura, se prevê que se acentue esse desinvestimento.
Neste contexto, o futuro imediato não pode deixar
de constituir uma enorme inquietação e temo que parte dos bons resultados que
já conseguimos possam ser hipotecados a uma política contabilística em que a
política educativa se tem vindo a transformar a que acresce uma outra
característica estrutural do nosso sistema, a deriva das políticas em função da
agenda política, dos interesses corporativos e das oscilações da partidocracia
em que vivemos.
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