Uma vez, um amigo meu, já velho e também amigo de
uns copos e de outras andanças, que, como diz Torga, a carne é fraca, dizia-me
com um ar entre a esperança e a resignação de quem não resiste muito às
tentações, “as pessoas deviam nascer com um semáforo na cabeça, quando
pensassem em dizer ou fazer certas coisas, se o semáforo ficasse verde, podiam
dizer ou fazer à vontade, se ficasse amarelo teriam que ter cuidado com o que
diziam e faziam, com o vermelho, era melhor ficar calado e quieto”.
A ingenuidade do meu velho amigo não lhe permitia
perceber que os semáforos, às vezes, só atrapalham, por isso, inventaram as
rotundas. Também não percebia que, embora pareça fácil, uma pessoa conduzir-se
é uma tarefa difícil, sobretudo com o trânsito cada vez mais complicado que
temos. Não percebia que, às vezes, por falta de energia ou picos de energia a
mais, os semáforos deixam de funcionar. Não percebia que, alguns de nós, em
diferentes circunstâncias, ganhamos uma espécie de daltonismo selectivo, só vemos
as cores que nos interessam.
E não percebia, finalmente, que se tivéssemos um
semáforo na cabeça, muita gente quereria ocupar a sala de controlo do sistema.
1 comentário:
Muito obrigado Senhor Professor!
Agora compreendo as péssimas prestações dos nossos governantes no período de tempo que vai de 1974 / 2013.
DALTONIA...DALTONIA...DALTONIA...
VIVA!
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