A imprensa de hoje faz eco das preocupações de
dois especialistas em duas diferentes e importantes áreas, educação e saúde,
com as políticas de cortes sucessivos que se verificam e projectam por parte de um outro especialista,
Vítor Gaspar, este em números, dizem. Por partes.
O ex-ministro da Educação Roberto Carneiro afirma
ser "impossível cortar mais sem ferir o sistema". Talvez não fosse
disparate convidar o actual Ministro Nuno Crato a ler a entrevista embora me
pareça que se não vier da Alemanha nada parece merecer leitura ou atenção.
Na área da saúde, Constantino Sakallarides,
especialista em saúde pública e dirigente do Observatório Português dos Sistemas
de Saúde, entende que "não existem áreas no sector da saúde que tolerem mais
cortes sem consequências gravosas para as pessoas".
Estas preocupações não surpreendem e vão ao
encontro do que diariamente os profissionais destes sectores sentem e têm vindo
a referir.
O que também surpreende é a persistência insensível
e insensata, cega e surda, neste caminho de “custe o que custar", no
cumprimento dos objectivos do negócio com a troika e dos objectivos de uma
política "over troika", atingindo claramente o limite do suportável e
afectando gravemente as condições de vida de milhões. Estamos a falar de
pessoas, não de políticas ou números, ou melhor estamos a falar do efeito das
políticas na vida das pessoas.
Creio que já ninguém consegue sustentar que este
trajecto nos possa levar a bom porto, está à vista o quanto é insustentável a
insistência neste caminho que já dificilmente alguém na sociedade portuguesa
consegue honestamente defender.
Na verdade, o caminho decidido, por escolha de
quem o faz, é bom registar que existem alternativas, está a aumentar
assimetrias sociais e obviamente a produzir mais exclusão e pobreza mas,
insisto, mais preocupante é a insensibilidade da persistência neste caminho.
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