Uma vez, há muito tempo numa terra, uma nódoa
caiu num pano. O pano era dos bons pois, como sabem, é no melhor pano que cai a
nódoa. Só que a nódoa também era das boas e rapidamente se percebeu que era
resistente, vinha para ficar.
Dos muitos e diversificados produtos e procedimentos
que foram utilizados, nada removeu a nódoa, continuou viva, brilhante e
desafiadora. As pessoas começaram a ficar verdadeiramente curiosas com aquela
nódoa.
Os cientistas realizaram aturadas investigações,
sempre infrutíferas, nada conseguia eliminar a nódoa que, entretanto, se
multiplicava.
Os criativos, na ideia de que “se não podes
vencê-los, junta-te a eles”, viram uma janela de oportunidade e começaram a
produzir peças e materiais com nódoas, ou seja, a nódoa virou moda. Como não
podia deixar de ser, os mais abastados tinham mais nódoas, os mais pequenos
começaram desde cedo a pedir nódoas aos pais e começaram os primeiros roubos de
nódoas.
A classe política, como de costume, rapidamente
se apropriou da nódoa, isto é, reclamou para si a ideia e origem da nódoa, bem
como dos destinos da nódoa.
Sempre que se realizavam eleições todos prometiam
mais e melhores nódoas. Com o tempo, as nódoas foram-se dispersando e chegando
a cada vez mais gente e cada vez mais terras, até se desenvolveram alguns
conflitos por causa das nódoas.
Assim se criou um mundo cheio de nódoas que todos
conhecemos.
2 comentários:
As nódoas mais resistentes são as nódoas políticas. E a forma mais eficaz (para mim a única) de as eliminar é armarmo-nos de uma tesoura e cortar a mesma pela orla com a esperança de não ficar ramificações. Neste caso concreto a minha opinião refere-se a este País que o Sr. Professor denomina Portugal dos Pequeninos e da qual estou de perfeitíssimo acordo.
Durante 48 anos o Povo foi Vítima da ditadura do Estado Novo.No dia 26 de Abril de 1974 adormeceu e presentemente está em estado de catérese
VIVA!
Parabéns pelo texto. Adorei.
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