Se bem estão recordados, até pelo alarido que
causou logo desde ao longo do processo de fecho das emissões analógicas e da
sua substituição em todo o país pela TDT, tivemos oportunidade de ouvir em
alguma comunicação social o investigador Sérgio Denicoli, da Universidade do Minho
, que alertava para aspectos discutíveis e pouco transparentes desse processo.
Em trabalho seu divulgado posteriormente, tornou-se mais claro o favorecimento
da Portugal Telecom, a incompetência e defesa de interesses que não os dos
consumidores por parte da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), a
publicidade enganosa que acabava por pressionar as pessoas a aderir à televisão
paga, etc.
Acresce que depois de terminado o processo de
migração, continuamos com um dos piores serviços de televisão digital da UE e
ainda existem no território muitas zonas sombra em que muita gente continua
privada de televisão, apesar de ter realizado os investimentos no equipamento
necessário, sendo que parte dessas pessoas são justamente idosos com baixo
nível económico e a habitar em áreas desertificadas. Noutras zonas são as
autarquias que a expensas próprias minimizam a incompetência e delinquência dos
responsáveis pelo processo.
Um estudo da DECO agora divulgado traduz esta
situação referindo que 62 % dos inquiridos sentem problemas na recepção do
sinal com qualidade no som e na imagem e 13 % não têm mesmo sinal. É ainda de
referir as queixas quanto a custos e falta de informação sobre todo o processo.
Como será previsível, esta cenário inaceitável não
terá qualquer tipo de consequências ou responsabilização sobrando, como de
costume, para os consumidores os efeitos da incompetência dos decisores e dos
negócios obscuros que nos impingem e a que nos obrigam de forma manhosa e
despudorada.
Na verdade e para não variar em Portugal, o
processo da instalação da televisão digital terrestre corresponde,
lamentavelmente à sua sigla, TDT - Tudo Dentro da Tradição.
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