quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

DE TANTO TEREM, TÊM UM QUASE NADA

As crianças portuguesas são das que mais usam a televisão nos tempos livres e das que menos recorrem a actividades de ar livre. Neste tipo de actividades, ar livre, é curioso referir que os maiores utilizadores são as crianças nórdicas, o que se deverá, provavelmente ao ameno e convidativo clima para actividades de ar livre.
A minha reflexão é um bocadinho mais radical, as crianças portuguesas, pura e simplesmente, não brincam. Não estou a falar das excepções, estou a falar da regra.
Os miúdos levantam-se cedíssimo, acabam o último sono no banco de trás do carro do pai, ou na carrinha escolar, intoxicam-se de escola e de actividades de natureza escolar até ao fim da tarde, voltam aos bancos de trás do carro ou da carrinha escolar, chegam tarde a casa e entre a novela, o banho, o jantar e, para muitos, algum trabalho de casa, gastam a última energia disponível antes da deita e de novo dia.
Quando sozinhos, mesmo com os pais ao lado, aconchegam-se a um ecrã, este, pelo menos, não manda fazer nada. Pelo meio, muitos ainda são “convidados” a realizar actividades óptimas e que fazem um bem extraordinário ao seu desenvolvimento e os tornam assim tipo inteligentes e assim tipo criativos e assim tipo confiantes e assim tipo ... sei lá.
Aos fins-de-semana fazem com os papás a ronda pelos centros comerciais. Os papás compram o consentimento e companhia dos miúdos com mais um jogo para a consola ou outro "presente" qualquer e, no fim, preparam-se para mais uma semana igual a todas as outras.
As semanas dos miúdos que de tanto terem, têm um quase nada.

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