segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A PROLETARIZAÇÃO DA ECONOMIA

“Não pensem que é pelos baixos salários que se garante a competitividade da economia”, afirmou o Presidente da República.
Cavaco Silva tem vindo com alguma serenidade a assistir a um conjunto de políticas que evidentemente têm contribuído para uma diminuição muito significativa do rendimento das famílias, fundamentalmente pela colossal carga fiscal que atinge os cidadãos. Aqui e ali mostra algum desconforto público, mas a sua acção ou, gosto muito desta expressão, a sua magistratura de influência não parece eficaz no sentido de alterar as escolhas políticas. Remeteu, por exemplo, para o TC a apreciação do OGE para 2013 que contém novos cortes nos rendimentos das pessoas.
Por outro lado, relembre-se afirmações de gente como António Borges e do discurso de vários membros do governo, sobretudo na esfera das finanças, que sistematicamente apontam o empobrecimento como caminho para a salvação.
Parece razoavelmente claro que a proletarização da economia não poderá ser a base para o desenvolvimento económico, mas sim o investimento e a disponibilização de crédito a custos razoáveis, sobretudo para as pequenas e médias empresas que de forma mais ágil criam emprego e emprego qualificado que não pode ter a indignidade dos salários que conhecemos.
De facto, basta atentar na situação de outros países, o nosso desenvolvimento e crescimento não irá nunca assentar no empobrecimento de quem trabalha, pagando menos por mais tempo de trabalho e, muito menos, na tolerância a situações de chantagem em que as pessoas, para manter o emprego e assegurar um mínimo para a sobrevivência, se sentem obrigadas a aceitar situações degradantes e humilhantes que configuram uma nova escravatura. Esta situação afecta tanto a mão de obra menos diferenciada, o trabalho em limpeza por exemplo em que se "oferecem" 2 € por hora, como a mão de obra mais especializada com a "oferta" do salário mínimo ou nem isso a gente com formação superior como é recorrentemente noticiado.
Eu sei que os tempos vão de maneira a que muitas pessoas preferem umas migalhas, custe o que custar, ao desemprego, mas não podemos aceitar que vale tudo na forma mais selvagem de funcionamento dos mercados.
Apesar da afirmação do Presidente da República, há mesmo quem pense que os baixos salários, que não o seu evidentemente, são algo de positivo e promotor de desenvolvimento.

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