Ao que parece e felizmente, espera-se, o Sol vai aparecer amanhã
para aquecer e iluminar o Corso. Ainda bem, o Carnaval e o Corso precisam do
Sol. Os figurantes irão certamente sentir-se melhor.
O Corso tem andado em preparação de há muito e nos
últimos dias parece ter atingido o auge da capacidade de animação das gentes
que, com ou sem tolerância, não toleram não ver o Corso.
Os personagens e intervenientes no Corso são de
uma variedade e riqueza que deixarão a concorrência internacional roída de
inveja.
Podem encontrar malabaristas com números que
fazem com que estes digam tudo o querem ouvir. Temos ilusionistas que mostram
realidade e truques que nos fazem duvidar dos nossos olhos. Temos pantomineiros
que contam histórias e lengalengas que nos fazem rir ou chorar conforme a
natureza. Temos vendedores de banha da cobra que todos os problemas prometem
resolver.
Temos gigantes que se acham omnipotentes e têm
pés de barro e pigmeus que usam andas para se tornar visíveis. Temos
inquisidores justiceiros e virgens ofendidas na sua falsa virtude.
Também entram os mascarados com a autoridade que
não têm e os fingidores de um saber que não possuem. Não faltam oráculos,
adivinhadores do futuro e profetas da desgraça.
No meio do Corso não faltam bobos que ainda mais
animação procuram promover. Enfim, ainda bem que o Sol vai aparecer para que o
Corso prossiga.
Entretanto, o povo que assiste já sente as mãos a
doer.
Não, não é de aplaudir, é de as apertar. De
raiva.
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