Segundo os dados do inquérito
Estudantes à Saída do Secundário
2011/2012, regista-se uma subida de 6.4% relativamente a 2009/2010 nos
estudantes que afirmam ter chumbado no 12º e o 10º ano continua a ser o ano com
mais retenções do secundário. Ao que parece a explicação é remetida para a
maior dificuldade dos exames nacionais. Dados os riscos e as práticas de
utilizar a maior ou menor facilidade dos exames para induzir resultados,
práticas a que sucessivas equipas ministeriais se sentem tentadas, retirando fiabilidade a esses resultados, independentemente
do seu valor, creio ser mais razoável tentar outras explicações contributivas e
confiar mais nos estudos envolvendo comparações internacionais que aliás,
vinham a registar melhorias no ensino básico como se verificou com o
indicadores do TIMSS em 2011 e o PISA em 2009. Talvez seja de estudar uma
variável que os estudos mostram contribuir para os resultados dos alunos, o
número de alunos por turma. Em 2011/2012 já estão de forma significativa no
secundário as turmas resultantes dos agrupamentos e mega-agrupamentos que dada a
aglomeração de alunos tendem a ficar nos limites máximos, situação que se agravará
em 2012/2013 pelo que será de aguardar
os resultados.
Os dados mostram também que cerca
de um terço dos alunos tinham chegado ao ensino secundário com um ou dois anos
de atraso havendo ainda 2,6% que com atraso de três anos ou superior.
Os dados agora conhecidos a que
se juntam os resultados conhecidos há dias dos testes intermédios do ensino
básico com abaixamento generalizado indiciam, repito podem indiciar, a
consequência de políticas educativas orientadas, quase que exclusivamente para
resultados e com menos atenção aos processos em várias dimensões.
Um bom exemplo desta cultura em franco florescimento, é a forma e o conteúdo das metas curriculares estabelecidas de
forma exaustiva, fechada e impossível de operacionalizar, bem como a promoção
de mais e mais exames com uma fé cega de que examinando muitas vezes a
qualidade acabará por subir. Como é evidente, a avaliação é um aspecto
essencial e deve ser rigorosa e regular mas não podem, não devem ser descurados
os processos de ensino e de aprendizagem, os dispositivos de apoio a alunos e a
professores, os recursos que minimizem dificuldades e uma verdadeira autonomia
das escolas no sentido de poderem responder a especificidades contextuais.
Parece razoavelmente claro que a
alteração de resultados se consegue, sobretudo, ajustando os processos que
produzem ou conduzem a esses resultados e, naturalmente, avaliando com rigor
esses mesmos resultados. Isto passa-se na educação como em muitíssimas outras
áreas da nossa actividade.
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